quarta-feira, fevereiro 22, 2017

Os resultados das eleições de novembro de 1978 no Rio Grande do Sul: Simon, Collares e Fogaça na ponta

Em novembro de 1978 - quando a abertura política "lenta, gradual e segura" estava timidamente em curso, os prefeitos das capitais, áreas "de segurança nacional" e os governadores dos Estados (sem falar na presidência da República), não era eleitos, por decisão do regime autoritário instalado a partir de 1964. Porém, em um estranho arremedo de democracia, havia eleições para a maioria das prefeituras, para vereadores, deputados estaduais, federais e senadores. Naquele ano, o último de Ernesto Geisel em Brasília, os Movimento Democrático Brasileiro, MDB, que depois se tornaria PMDB. teve uma estrondosa vitória no Rio Grande do Sul. Pedro Simon foi eleito senador com mais de 1 milhão e 700 mil votos, Alceu Collares, que depois seria prefeito da Capital e governador do Estado, obteve a maior vitória na Câmara Federal e o jovem José Fogaça - que depois se tornaria também prefeito de Porto Alegre - liderou os votos para a Assembleia Legislativa. Dos arenistas, o mais votado para deputado federal foi o industrial Cláudio Strassburger, seguido de Nelson Marchesan - pai do atual prefeito porto-alegrense. Airton Vargas teve a maior votação arenista para a Assembléia. A reprodução é do Correio do Povo.

domingo, fevereiro 05, 2017

Brum, em Tribuna do Norte, Natal, RN. A Charge Online.

Há 20 anos morria Paulo Francis, um dos mais influentes jornalistas brasileiros


PUBLICADO NO CONSELHEIRO X EM OUTUBRO DE 2008

Quem não lembra dele, com aquele óculos fundo de garrafa, a fala afetada, dizendo poucas e boas, não raro mentindo e não raro acertando na mosca? Um dos jornalistas mais cultos e mais lidos do Brasil (escrevia inicialmente na Folha de São Paulo, passando depois para o Estado, que distribuía sua coluna para dezenas de outros jornais brasileiros), considerado arrogante e direitista por muitas, lúcido por outros, Paulo Francis tinha um humor ranzinza - e talvez seja este humor que esteja fazendo falta hoje, nove anos depois da sua morte, em 4 de fevereiro de 1997, em Nova Iorque, aos 66 anos.


Francis - nascido Franz Paulo Trannin Heilborn, em uma família de classe média alta do Rio de Janeiro - nunca fez curso superior, foi trotskista na juventude, dos 14 aos 27 anos leu em média seis horas por dia, participou dos áureos tempos do Pasquim, foi preso pela ditadura militar, ofendeu todo mundo (inclusive Roberto Marinho, que comparou a um emissário de merda, o "robertoduto". Depois foi trabalhar para as Organizações Globo: Marinho não guardou mágoas do episódio) e, por essas e outras, morreu de infarto em seu apartamento na cidade que ele considerava a Capital do Mundo. Também parecia não gostar de negros e nordestinos - certa vez chamou o Nordeste "desta região desgraçada do País." (desgraçado não no sentido de pena, observe-se) Quanto aos seus comentários culturais, era igualmente ácido - simplesmente desprezava o moderno cinema nacional e considerava quase todos os intelectuais como subservientes ao poder. Na esfera política, tornou-se célebre a denominação que deu ao senador Eduardo Suplicy (e sua irritante fleuma) - "Mogadon", o nome de um remédio.


Paulo Francis vivia então (1997) um dos mais complicados períodos da sua vida: estava sendo processado pelo presidente da Petrobrás (do governo FHC), Joel Rennó, e mais outros seis diretores da estatal. Eles pediam nada menos do que 100 milhões de dólares por ressarcimento moral, uma vez que o jornalista havia dito, durante sua participação no programa Manhattan Connection, da Globosat, que`"os diretores da Petrobrás põem dinheiro na Suiça", "roubam em subfaturamento e superfaturamento", "é a maior quadrilha que já existiu no Brasil". Pior: disse isso tudo sem nenhuma prova consistente e certamente iria perder o processo e ter que pagar uma bolada grossa para essa gente. Aliás, já estava gastando os tubos com advogados - ele, o jornalista mais bem pago do Brasil, ainda assim não tinha como fazer frente às despesas com honorários (ele próprio calculos que o processo se arrastaria por uns cinco anos e lhe custaria, só com os advogados, no mínimo 200 mil dólares). Segundo Francis, o objetivo da ação era aruiná-lo financeiramente. Transtornado, passou a ingerir calmantes em doses maciças e a sentir dores nos ombros, o que julgou um sintoma da sua bursite e não de problemas cardíacos, os quais até seu médico desconhecia.


É de se imaginar que, se estivesse vivo hoje, o que ele não diria do governo petista, de Lula e companhia. Para esses, felizmente, ele morreu antes.




Uma palhinha de Paulo Francis:


"A morte deve ser como a anestesia geral"


"Bebi muitos anos. Para ficar bêbado. Não vejo outra razão. O bebedor social é coisa de pequeno-burguês"


"Fidel Castro é essencialmente um conservador feudal, um feitor de fazenda, a quem a idéia de inovações, de modernidade, horroriza"


"A melhor propaganda anticomunista é deixar os comunistas falarem"


"Acho que a tendência do intelectual é ser de direita. Ele é, por definição, um elitista"


"É preciso meter as mãos na cabeça raspada do Vicentinho língua-presa. Eu lhe daria uma chicotada para ver se reage docilmente como escravo.""Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. Crítica não é raiva. E crítica, às vezes, é estúpida."


"Nenhum filme brasileiro dá certo porque todos os cineastas tentam demagogicamente se colocar na posição de humildes. É falso, visceralmente. Sempre que vejo algum favelado em filme brasileiro tenho vontade de sair gritando: é um santo! É um santo!"

"O negro africano não tinha língua escrita, como notaram os exploradores da África do século XIX; logo não pode, pela ordem natural das coisas, possuir uma cultura como a entendemos."


"Quero que fique registrado que eu favoreceria o fechamento do Congresso ou qualquer outra dessas instituições reacionárias que impedem o progresso do País."
Texto e pesquisa: Conselheiro X