Jardim Botânico, Porto Alegre. Fundado em 2006 por Vitor Minas. Email: vitorminas1@gmail.com
quarta-feira, julho 09, 2014
quinta-feira, julho 03, 2014
As diferentes reações à Copa do Mundo de 1950
Em 1950, ao contrário do que muitos dizem, o Brasil - sede da Quarta Copa do Mundo - temia os uruguaios, que chegaram quietinhos mas confiantes para as suas partidas no Brasil. Sede de um dos grupos, o estádio dos Eucaliptos, em Porto Alegre, ampliou sua capacidade, sem fazer nada de excepcional para receber Suiça, Iugoslávia e México. Enquanto isso muitos gaúchos seguiam para o Rio, via aérea, para assistir à final no Maracanã. Perdemos, e como se vê nestas reproduções das páginas do Correio do Povo, Bigode foi responsabilizado pela derrota final. Os uruguaios, que contavam com muitos simpatizantes no Estado gaúcho, fizeram escala aqui, exibindo a Copa Jules Rimet, aquela que depois ficou em definitivo com o Brasil, símbolo maior do "futebol arte", foi roubada e derretida.
quinta-feira, junho 26, 2014
Já não se mata passarinhos
No passado todo mundo, ou quase todo mundo, matava passarinhos. Especialmente no interior, não se podia ver nenhum pássaro dando sopa no galho de uma árvore, em um poste, em um telhado de casa, que o garoto, com seu estilingue ou quem sabe espingardinha de pressão não mirasse no bicho emplumado, para abatê-lo, assim como os brancos norte-americanos do Velho Oeste faziam com os bisões de dentro dos trens.
Matava-se mais por uma questão de honra e machismo, pode-se dizer. Deixar um passarinho lá em cima era quase uma afronta. Eu mesmo matei muitos, não tanto como meu irmão, mas matei. Sentia pena, muitas vezes ao pegar o bicho quente, com o coração ainda batendo, nos seus estertores finais, sem ter álibi para o meu crime. No entanto era quase uma regra de conduta entre os meninos que passarinho era um alvo e que matá-los era quase nosso dever, parte da afirmação masculina.
Hoje tudo mudou - a consciência ecológica, a evolução social e civilizatória as próprias leis que punem coisas desse tipo, fizeram com que matar passarinho se tornasse uma espécie de escândalo, de crime contra os seres vivos, de atentado à natureza. Pior, pode dar até detenção e, mais pior ainda, virar notícia na imprensa: Fulano foi pego matando um passarinho.
Moro em um condomínio, aqui no Jardim Botânico, o Felizardo Furtado) que tem muitas árvores e vegetação, em um bairro onde há muitos pássaros, de todo o tipo e cor - coisa que não sei distinguir, assim como não sei distinguir espécies de árvores. Pois notei, de uns anos para cá, uma radical e alentadora mudança nos hábitos desses pequenos animais canoros causada pelo sossego e harmonia que hoje convivem face à raça humana: eles não têm mais medo dos homens e nem dos meninos, sentem-se tranquilos, como sempre deveriam estar.
Antigamente os pássaros eram temerosos e arredios ao homem - quando viam algum, tratavam de voar rumo a um local mais distante e seguro. Sentindo-se alvos da maldade humana, mantinham-se acuados e com aversão aos humanos. Voavam sempre, preservando a própria vida.
Agora tudo mudou. Eles caminham nas calçadas e muros, nos terrenos baldios, nos postes e nos parapeitos com absoluta paz e tranquilidade. Passam à nossa frente, no chão, e nem se dão ao trabalho de atravessar de lado. Esses dias mesmo, no gramado aqui em frente, tive de desviar de um sabiá-laranjeira que seguia pela calçada, atrás de algum alimento. Ele não deu a mínima pela minha presença e apenas arredou um pouco de lado. Creio que, se quisesse pegá-lo, eu o faria sem maiores problemas.
Aí pensei na minha infância, lá no mato, e como eu era cruel e idiota matando passarinhos. Na verdade deve ser por isso que tenho tantas culpas a expiar - fui um inimigo da Natureza e um serial-killer de pássaros. Mas pelo menos tenho algo a meu favor: não os prendia nas gaiolas, como se fosse o executor de uma prisão perpétua, assim como fazem esses caras que em todo o mundo aprisionam os bichos apenas para vê-los cantar. Gente boa, a maioria deles, pacata e cumpridora dos seus deveres. Mas insensíveis e cruéis como eu também fui - "passarinho na gaiola feito gente na prisão".
Talvez um dia a evolução da sociedade também proíba essa gente de tal prática criminosa. Pelo menos tenho esperança. Liberdade aos pássaros. (Vitor Minas)
quinta-feira, junho 19, 2014
Boa noite em meio à tragedia?
Curioso isso, da nossa mídia - e algo que eu realmente não entendo. Entra o repórter de tevê, em meio a maior catástrofe do mundo, mulheres e crianças chorando, cenário de guerra, tragédia, desabamentos, gente morta, e o apresentador da emissora diz, todo solene, de terno e gravata, interrompendo a transmissão: "agora vamos falar com fulano de tal, que está neste momento no local da tragédia". Aí surge a imagem e o apresentador, também de terno e gravata, ladeado pelas imagens da destruição total, responde, em tom quase burocrático: "Boa noite, fulano de tal!".
Que coisa, hein. E o pior é que se repete. Não seria melhor pelo menos respeitarem os mortos e o ambiente e evitarem esse "boa noite", "boa tarde" e bom dia? Não é só uma gafe, é um tremendo mau gosto. (V.M)
Que coisa, hein. E o pior é que se repete. Não seria melhor pelo menos respeitarem os mortos e o ambiente e evitarem esse "boa noite", "boa tarde" e bom dia? Não é só uma gafe, é um tremendo mau gosto. (V.M)
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