Hoje pela manhã, em uma conhecida rádio de notícias da capital gaúcha, ouvi um não menos conhecido jornalista e comentarista político se posicionar, com veemência, contra uma homenagem ou seja lá o que for para Luiz Carlos Prestes, homenagem que foi proposta na Câmara Municipal ou na Assembléia Legislativa. Em si, o assunto não me interessa nem um pouco, pois a gente sabe o que são homenagens e tudo o que elas não representam. Também não sou comunista - longe disto - e, quando assistia às entrevistas de Prestes na televisão, nos anos oitenta, achava o sujeito um chato repetitivo e obtuso.
Mas fiquei espantado com o grau de ignorância deste jornalista calvo, alegre, simpático, gremista e falante, que é até inteligente mas demonstrou a sua superficial cultura e a sua evidente falta de leituras, e esta falta de cultura mínima embasou toda a sua exaltada condenação a Prestes: segundo ele, Prestes, comunista, totalitário (e foi mesmo), não merecia homenagem alguma exatamente por ser (palavras do jornalista), o comandante da Coluna Prestes, "movimento comunista, que percorreu o interior do Brasil matando e violentando". Ora, ora, meus amigos, só isso chegaria para desqualificar o jornalista e seus argumentos e demonstrar como a imprensa de hoje, em todos os níveis e em todo o Brasil, reduziu-se a um espantoso baixo nível cultural que parece, infelizmente, indicar tempos ainda piores - considerando o que são os tais cursos de jornalismo das nossas faculdades.
O jornalista calvo nunca deve ter lido um livro da história do Brasil e certamente não sabe o que são expressões como República Velha, movimento tenentista, eleições fraudulentas, acordo de Taubaté, política do café-com-leite etc etc. Não sabe, óbvio, que a Coluna Prestes nunca foi comunista e que dela participaram militares que depois foram considerados até direitistas como Juarez Távora, Siqueira Campos, Cordeiro de Farias e muitos outros que hoje são nomes de avenidas em todo o País. E muito menos sabe que o movimento era moralizador, até elitista, conservador, e que queria tão somente dar um jeito na vergonha nacional que existia na Velha República, com eleições fraudadas, intimidações e cartas marcadas. E mais: acusar Prestes de banditismo oficial na marcha da Coluna é é uma calúnia atroz e criminosa.
Por essas e outras está difícil ver noticiários de tevê, de rádio, de jornais e de revistas: se um sujeito que é "âncora" (!) de uma grande emissora, pertencente a uma grande rede, diz tais disparates, o que pensar do resto? Que ele não goste de Prestes e do comunismo é algo absolutamente natural e compreensível, mas que critique as homenagens a uma figura da História do Brasil (independente de questões ideológicas) com base na sua ignorância história, aí é outra coisa. Além do mais é bater em gato morto - Prestes e os comunistas perderam a batalha, não representam mais nenhum perigo e nem são levados a sério. Podia, o citado periodista, na pior das hipóteses - já que não é chegado a livros de História - ter acessado o tio Google, para se inteirar um pouco da biografia de Prestes e do real sentido da homenagem a ele dedicada. (V.M.)
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