quarta-feira, julho 25, 2018

Com o Grêmio onde o Grêmio estiver, a frase que os tricolores levavam aos estádios







Com o Grêmio, onde o Grêmio estiver. Muita gente pode imaginar que tal verso, contido no hino do imortal tricolor, é de autoria de Lupicínio Rodrigues: “Até a pé nós iremos, com o Grêmio onde o Grêmio estiver” Na verdade os torcedores mais antigos – bem mais antigos – devem recordar da faixa que a torcida levava, religiosamente, a todos os jogos do Grêmio, fosse onde fosse, e que Lupi – no ano de 53, o cinquentenário do clube da Baixada, modificou um pouco da frase original “Com o Grêmio onde estiver o Grêmio”.
Com o Grêmio onde estiver o Grêmio, aliás, é o título de uma grande reportagem que Cid Pinheiro Cabral fez para a Revista do Globo em dezembro de 1951: “Com o Grêmio onde estiver o Grêmio: é o lema da torcida do clube gaúcho mais vezes campeão”. Acima do título, uma grande foto de Santos Vidarte mostrava os jogadores em campo sendo abraçados pela torcida. Ao lado, lia-se a legenda feita por Cid: “Esta comemoração é pela conquista de um campeonato? Não, trata-se apenas de um gol do Grêmio. Não raro a torcida tricolor, que é a torcida gaúcha de maior espírito de colaboração, rompe os cordões de isolamento, escapa ao controle da polícia e vai comemorar o feito em pleno gramado com os autores diretos da façanha.”
Cid Pinheiro Cabral, que, como todos sabem, era colorado, enchia o tricolor de elogios e o chamava de “autêntico papão de campeonatos”. Na verdade, a Revista do Globo estava publicando uma série chamada Os Grandes do Futebol, na qual contava a história dos clubes do Rio e de São Paulo e também, é claro, da dupla Grenal.
Em uma época em que tanto Grêmio como Internacional eram olhados com certo desdém pelo centro do País e não faziam parte do chamado “futebol arte” e sim da viril escola platina, o Grêmio, sobretudo, representava essa fibra gaúcha. Foi assim na famosa excursão que o tricolor realizou por vários países da América Central no final de 1949. Os gaúchos jogaram contra selecionados nacionais, como da Guatemala, Honduras e El Salvador, e não perderam nenhum dos nove jogos que disputados. Ou melhor, venceram oito e empataram um. Até os presidentes de tais países compareciam aos estádios, onde o Grêmio era tratado como um inimigo a ser caçado.
O cronista Cid lembrava desse feito, ainda tão recente: “O maior feito em serie de um clube gaúcho no exterior cumpriu-o o Grêmio, em 1949, quando passou invicto, na América Central, por nada menos de nove cotejos. Sua enorme e entusiástica legião de admiradores recebeu-o com uma das maiores e mais carinhosas manifestações de que já foi teatro a Rua da Praia de Porto Alegre”.  O jornalista lembrava o fato do Grêmio ter ganho 25 campeonatos em 48 anos de vida.
Na época da reportagem o Estádio Olímpico já estava em fase de construção, e Cid lembrava que isso – ter um grande estádio - era uma necessidade: “Há vários decênios que o clube mais vezes campeão do Brasil se acomoda num recanto, histórico e tradicional na verdade, mas incompatível com as necessidades mínimas atuais, de agremiação modelar, praticante de quase todas as modalidades de esporte terrestre, o “Fortim da Baixada”.
Naquele ano de 51 estavam iniciando as obras de terraplanagem do Olímpico Monumental, e muitas campanhas vinham sendo feitas para tornar a nova casa do Grêmio uma realidade. Quanto à torcida tricolor, o mais lido jornalista esportivo daquela época confessava sua admiração: “Quem for assistir a um jogo do Grêmio Porto-alegrense verá, como tela de fundo do cenário onde se aglomera a sua grande torcida, enorme faixa de pano onde se lê: “Com o Grêmio onde estiver o Grêmio.” Esse slogan, consagrado já entre os torcedores do clube das três cores, caracteriza perfeitamente as relações entre a veterana e tradicional agremiação e seus simpatizantes”.
Como se vê, o grande Lupicínio Rodrigues, com seu senso estético e ouvido musical, apenas adaptou a velha frase para a hoje conhecida “com o Grêmio onde o Grêmio estiver”.

Nenhum comentário: