segunda-feira, julho 07, 2008

Manoel, almoxarife em 1974, lembra a obra de 2.500 operários e "que não parou nunca"


Seu Manoel Barros da Silva (de boné) tem 81 anos, nasceu em Portugal e mora no Jardim Botânico desde os 13 anos de idade. Entre outras coisas, é testemunha ocular da construção do Conjunto Residencial Felizardo Furtado.
Mais que testemunha: trabalhou na obra, do seu início, no verão de 1974, até o término desta, em 1976. “Comecei e terminei. Foi uma obra rápida. Tinha mais de 2.500 pessoas trabalhando, em certa época”, conta ele. “A construtora foi buscar gente no interior e veio até uma turma de Santa Catarina”.
Funcionário do almoxarifado, durante 20 anos empregado da empreiteira Gus Livonius (que não mais existe, tal como era), ele recorda do ritmo intenso da construção e da seriedade como ela foi feita.
“A obra não parou nunca, eram dez horas da noite e tava chegando concreto. E o fiscal do Inocoop estava sempre junto, conferia pessoalmente cada detalhe e às vezes mandava desfazer e refazer porque não estava de acordo. Também havia muito cuidado com a segurança, tanto que não me lembro de nenhum acidente sério”, relata.
Outra coisa: os peões tinham alojamento no local e refeições no local, com café da manhã, almoço e janta. Seguindo um cronograma rígido, cada edifício era concluído inteiramente, partindo-se então para a execução de outro dos oito prédios. Um posto de vendas, no lado da rua Ferreira Viana, recebia a visitas dos interessados, que adquiriam os apartamentos confiando nas especificações da própria planta arquitetônica.”Quando terminou, tava quase tudo vendido”, assinala seu Manoel.
AMAZONAS – Residindo ainda hoje na Barão do Amazonas, seu Manoel pegou o Jardim Botânico em um tempo quase rural, a época da Vila Russa. “Meu pai tinha uma chácara na Salvador França. Lembro do Chico Tatão, os filhos dele tinham vacas de leite, no lado de cá da Salvador, que era de chão batido, quase não tinha casas, eu caçava passarinhos ali. A Ipiranga não existia, era só um caminho, e o arroio Dilúvio era um riacho desgovernado.”
As águas do arroio Dilúvio da década de 40 e 50 eram então límpidas, garante ele, e nelas se pegava cascudos, que alguns meninos vendiam nas ruas.
“Era uma água branquinha, limpinha”, recorda seu Manoel.

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