segunda-feira, abril 28, 2008

Pobre avenida Ipiranga

Que a mendicância, os maiores e menores de rua, os pedintes, os saltimbancos e os "mágicos das laranjas" (aqueles que ficam nas sinaleiras, tentando fazer toscas acrobacias com as mãos, em troca de algum dinheirinho) estão aumentando em toda a Porto Alegre, ninguém duvida.
Porém, de uns tempos para cá, a avenida Ipiranga - uma das principais vias da Capital - tem sido o cenário crescente e talvez mais visível desse fenômeno.
Especialmente nas esquinas com a Guilherme Alves, a Barão do Amazonas e a Salvador França, eles proliferam como nunca. O problema da avenida Salvador França, leia-se Terceira Perimetral, já é bem conhecido e há muito comentado. A garotada (nem tão garotada assim, boa parte veteranos achacadores), fica lá, esperando fechar o sinal, para pular em cima dos motoristas com uma voracidade de dar inveja a um cachorro pit-bull. Os motoras, na defensiva, constrangidos e até amedrontados, fecham antecipadamente os vidros e torcem para que o sinal verde venha de uma vez.
A questão está ficando pior na Guilherme (defronte ao shopping Bourbon e também nas suas cercanias) e na Barão. Sobre a ponte do riacho, eles armaram um verdadeiro acampamento feito de jornais, madeira e toda sorte de detritos. A sujeira que lá fica é enorme e a paisagem, deprimente. Os próprios transeuntes e moradores do Jardim Botânico e do Partenon não gostam de passar nesses trechos.
Alguns apontam o pessoal da vila Cachorro Sentado, no lado do Partenon, como protagonista dessa história. Não sei se isso confere ou não, e se há ou não solução para o caso. Sei apenas que o fato é digno de registro. Será o "progresso à brasileira" nestes tempos em que, dizem, está havendo um avanço nas condições de vida do povão? (Conselheiro X.)

Quase reta e sempre plana, a avenida Ipiranga não merece ser matratada. Nesta foto, nas proximidades da PUC, esta charmosa ponte de madeira, contruída pela Prefeitura não faz muito, faz a ligação com o bairro Partenon.

sábado, abril 26, 2008

A podridão das águas

Se há um bairro que torce por uma boa chuvarada, este é o Jardim Botânico. Como nos últimos anos, que foram secos, a nossa água do DMAE simplesmente está intragável, tão fedorenta, tão pestilenta, que até para escovar os dentes já fica ruim. Beber, então, chega a causar repugnância. O gosto é de pó de gafanhoto e nem fervendo melhora. Em toda Porto Alegre, não há nada semelhante.
Dizem os técnicos que o problema são as algas que se acumulam no Guaíba, por força da baixa do nível das águas. Considerando que a nossa captação (altura do bairro Navegantes) é feita nesse imensa cloaca que é o hoje "lago" (frescura, pois para mim continua a ser um rio), até que não é de estranhar. O que eu acho estranho, isso sim, é que, passados vários anos, não tenham desenvolvido uma tecnologia para dar fim ao problema. Chega a ser suspeito. Até parece que querem que a gente beba H2O da pior qualidade.
Felizes estão os comerciantes que vendem água mineral. Estão faturando alto, entregando a domicílio os recipientes de 20 litros. Vamos ver se a coisa melhora com alguns dias de chuva, embora se anuncie que este outono vai ser ainda mais seco do que os anteriores. Haja estômago.(ConselheiroX)

Nesta visão, a Ipiranga, quase na esquina com a Barão do Amazonas. Todo o bairro sofre com o gosto e o cheiro de uma água que deixa muito a desejar.

quarta-feira, abril 23, 2008

Os corredores da Ipiranga

Caminhar ou correr na ESEF, especialmente ao amanhecer ou no final do dia, já se tornou um programa obrigatório para muitos aficcionados das atividades físicas ou para aqueles que simplesmente desejam dar um basta à vida sedentária ou tirar aquela incômoda barriguinha. Com essa onda de malhação e dos benefícios da corrida, os adeptos aumentam a cada dia.
A pista principal da ESEF, de 400 metros, está em bom estado de conservação (tirando alguns remendos, aqui e ali) e há, ainda, a possibilidade de se fazer o percurso "por fora", costeando o muro - cerca de mil metros de solo de areia. No final do dia a gente encontra, em uma e outra, dezenas e dezenas de pessoas, de todas as idades e classes sociais.
Porém existem os corredores de rua, que preferem, por exemplo, encarar as calçadas que margeiam uma avenida movimentada como a Ipiranga, mesmo se submetendo a uma boa dose de gás carbônico expelida pelos carros. De certo modo, é mais emocionante correr assim, até pelas dificuldades que se encontra e pela paisagem que muda sempre.
Nesse caso, uma dica: a calçada à esquerda da Ipiranga, sentido centro-bairro, está boa da Veríssimo Rosa até lá adiante da PUC. O percurso é tranquilo e dá, sem estresse, para se ir até a Antonio de Carvalho, encarando um trecho de chão. Já no sentido contrário, rumo ao centro, o melhor trajeto é do outro lado, na calçada do Partenon. Pode-se ir até a João Pessoa sem maiores riscos de torção, não vacilando, é claro, porque há também chão batido e calçamento irregular em determinadas partes.
Se quiser encarar o canteiro de grama que margeia o Riacho Ipiranga, prefira o sentido leste, em direção a Antonio de Carvalho, mais bem conservado. Não faz muito a Prefeitura andou dando uma capinada e ajeitando o local.

terça-feira, abril 22, 2008

Itaboraí: empresa fez o que a Prefeitura negou

A rua Itaboraí, uma das mais longas, senão a mais longa do Botânico, completou um ano de abertura total: aquela parte que era uma simples picada, atrás do Supermercado Gecepel, foi finalmente aberta e asfaltada.
Ficou uma beleza, e mudou totalmente a paisagem, fazendo, inclusive, que muitas pessoas que tinham receio de passar ali à noite hoje o façam sem maiores receios. O fluxo de pedestres e de veículos simplesmente se multiplicou.
Curioso isso: o Poder Público, leia-se Prefeitura, nunca foi capaz de realizar essa simples obra, colocada até no Orçamento Participativo e no entanto nunca levada a termo. Com cerca de dois bilhões de reais de orçamento (o que é uma grana considerável), a nossa Prefa sempre negou fogo. No entanto bastou a construtora Rossi (que nem é gaúcha e sim paulista) iniciar a construção de dois grande edifícios residenciais (mais de 200 apartamentos, 18 andares cada torre), que vão da Felizardo até a divisa com a Itaboraí, para que o problema fosse solucionado. Em apenas dois dias, tudo foi feito, e sem alarde. Beleza.
Para quem não lembra, ou não sabe, a abertura da Itaboraí, ligando a parte baixa à parte alta do bairro, era uma das mais antigas reivindicações da comunidade local. No início dos anos setenta, quando o Botânico ainda tinha chácaras, faltava água, havia inundações e lamaçais constantes, e o condomínio Felizardo Furtado sequer estava em construção, já se pedia isso. Para ver que quando a iniciativa privada põe as mãos em alguma coisa, esta vai pra frente. Claro que quem lucrou com isso foi também, e principalmente, a Rossi. Mas é aquilo que a gente sabe por experiência: quando entra dinheiro em jogo, as coisas mudam de figura. Foi assim com a construção do Shopping Bourbon, dez anos atrás, obra que deu o grande impulso desenvolvimentista ao Botânico.
O grupo Zaffari - como contrapartida social exigida pela Prefeitura - recapeou por sua conta as ruas do bairro, que melhorou muito de aspecto. Também sinalizou as ruas, plantou árvores e, com sua arquitetura peculiar, embelezou a esquina da Guilherme Alves com a Ipiranga.
Ao contrário do nosso vizinho Partenon, ou mesmo da Glória (onde, dizem, há uma caveira de burro enterrada), logo ali, o Jardim Botânico vive um surto de progresso e está se transformando não só em uma respeitável zona residencial como também ganha gradativamente muitas empresas prestadoras de serviço. E, cá prá nós, é um bairro realmente privilegiado em termos geográficos; estamos perto do centro, temos a Terceira Perimetral nos ligando de Sul a Norte, temos amplas áreas de lazer (ESEF, Jardim Botânico), um shopping com mais de 50 lojas, um supermercado aberto até à meia-noite e oito bons cinemas, um hospital de primeira, um CTG (o histórico 35) com churrascaria, uma galeteria conceituada, motel, postos de gasolina, diversas linhas de ônibus e estamos quase ao lado da PUC. Como se não bastasse, o teatro da AMRIGS, no lado de lá da Ipiranga, é, hoje, um dos melhores da cidade.
É, pessoal, a velha Vila São Luís, antiga Vila Russa, estagnada durante muito tempo - terra de chacareiros, de humildes funcionários públicos, de casinhas de madeira, de plantações de agrião e de flores - está mesmo com tudo.
(ConselheiroX)

quinta-feira, abril 17, 2008

Dunga vive

Durante muitos anos, ele, conhecido como Dunga, ou Seu João para outros, foi um dos personagens populares mais conhecidos do Jardim Botânico. Pois não é que Dunga - humilde, boa gente, trabalhador, que nunca reclamou de nada - veio a falecer recentemente, algo que passou batido e nem mereceu registro em parte alguma. Mesmo não sabendo seu nome completo, sua origem, sua família, e nem a sua história, este blog presta sua homenagem a esta figura humilde e tão querida.



Botânico colorido

Nas fotos abaixo, algumas imagens do Jardim Botânico - entre elas, da avenida Ipiranga, ao entardecer, com o nosso riacho parecendo o poético rio Sena (!), e um João de Barro e sua casinha na rua Felizardo Furtado, ao lado do condomínio.




domingo, abril 13, 2008

ESEF está aberta à comunidade do bairro

Uma escola de ponta, reconhecida em todo o País pela sua qualidade do ensino. Assim é a Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ESEF, também conhecida como “Campus Olímpico” da URGS e intimamente ligada à história do bairro, com o qual interage e mantém estreitos laços comunitários.
Afinal, é na ESEF que, todos os dias, centenas de pessoas vão fazer a sua caminhada matinal, correr, passear, praticar exercícios físicos ou então participar de cursos e eventos ligados à área da educação física e da saúde. “Às seis horas da manhã, quando abrimos o portão, já tem gente aqui na frente, esperando para entrar, e a grande maioria é das redondezas”, orgulha-se o professor e diretor da instituição, Ricardo Petersen, 57 anos. Com cursos de especialização nos Estados Unidos, Ricardo se formou na ESEF em 1973 e especializou-se em Desenvolvimento Motor.
Contando cerca de 800 alunos (700 na Graduaçãoe outros 100 na pós), nos cursos de licenciatura e bacharelado em Educação Física, a Escola dispõe de cerca de 40 professores e outros 45 técnicos administrativos.
São 11 mil metros quadrados de área construída e 12,5 hectares de área total.“Somos, sem dúvida, uma das melhores escolas do Brasil na nossa área”, afirma o diretor. Nos últimos anos, apesar das dificuldades financeiras inerentes ao ensino público (há apenas uma verba de 6 mil reais para a manutenção), a ESEF recebeu um grande impulso e vem procurando sempre inovar e oferecer coisas novas aos seus alunos e à comunidade. O fechamento das contas só é possível graças às rendas (cerca de 50 mil reais) obtidas com matrículas e mensalidades em diferentes atividades (a base de 50 reais por pessoa), como piscinas e ginástica para a terceira idade.
Tecnologicamente a Escola está em boa situação – são 130 computadores e equipamentos modernos, especialmente na área de pesquisa. “Temos também 35 programas de extensão e projetos financiados ou em parceria”, informa Petersen. Desses, 20 são voltados para a comunidade e 15 dirigidos a crianças e jovens.
TALENTO E MEMORIA - Um dos mais importantes projetos já implantados é o Centro de Lazer do Idoso, frequentado especialmente pelas mulheres e com atividades diárias. “A procura é sempre muito grande e não podemos absorver todos os interessados”, revela o diretor.
Buscando, basicamente, formar profissionais em Educação Física, a ESEF desenvolve ainda uma produção científica própria, em um bem equipado laboratório. São estudos sobre a resistência humana, a precisão muscular, os efeitos das práticas esportivas, o desgaste os organismos, entre outros. É o chamado LAPEX – Laboratório de Pesquisa do Exercício, geralmente comandado por doutores e doutorandos de Educação Física (a Escola tem 28 doutores e seis mestres).
Há também o Centro de Excelência Esportiva e um projeto de Detecção de Talentos Esportivos iniciado há dois anos. Neste caso vai-se às escolas e a centros comunitários para se avaliar o potencial de atletas iniciantes que, caso aprovados, passam a fazer parte do Banco de Talentos. “É algo semelhante ao que se faz em Cuba e na Austrália, parte da idéia de transformar o Brasil em uma potência olímpica”, explica o professor.
Já o projeto de Excelência Esportiva consiste em avaliar atletas já consagrados, equipes e seleções, analisando o rendimento de cada um deles. Estão incluídos aí a avaliação das seleções de remo, canoagem, judô, esgrima, por exemplo, ou atletas laureados, como o judoca João Derli. Outro destaque é o Núcleo de Esportes de Base, aqui representado pela ginástica olímpica feminina (que pode revelar novas Daianes dos Santos) e pelo judô. Graças a um convênio, conseguiu-se a compra de modernos equipamentos no valor de quase 200 mil reais.
“Temos um equipe de dez meninas e uma pré-equipe de mais dez, na faixa de 7 a 17 anos, embora o número total seja de 150”, informa Petersen.
JUDÔ, GRANDE DESTAQUE - Já o judô – outro grande destaque da ESEF – envolve 250 alunos e vem obtendo excelentes resultados. A ele se combina outra modalidade – a Luta Olímpica.
Com dois ginásios, um centro natatório, um galpão crioulo, oito salas de aula, uma biblioteca especializada no esporte, muito visitada por alunos de outras instituições semelhantes (e aberta à comunidade), um prédio administrativo, um bar, um prédio de musculação, uma pista de corrida e atletismo, locais para o tênis, além do laboratório, a Escola Superior de Educação Física tem várias formas de esporte e lazer disponíveis à comunidade do bairro, como a natação (para todas as idades), sem contar eventuais cursos, como o de Yoga. A instituição edita ainda duas revistas especializadas e mantém intercâmbio com outras universidades, algumas delas do exterior. “Temos um convênio com a Universidade do Porto, em Portugal, sendo que vem gente de lá para cá e vai gente daqui para lá, dar cursos rápidos”, diz o diretor Ricardo.
Um projeto ambicioso, mas que ainda não deslanchou por falta de recursos, é o Centro de Memória do Esporte e que também englobará, no futuro, a dança. “A idéia é transformarmos ele em uma espécie de Museu, pela concepção moderna, com peças, doações, tudo, algo que não existe hoje no Rio Grande do Sul. Mas ainda estamos batalhando por verbas e o Centro está funcionando em local totalmente inadequado”, lamenta o diretor.
CACHORROS E MUROS – Não faz muito, a ESEF cercou-se de altas paliçadas de concreto à sua volta e centralizou entrada e saída em apenas uma torre de vigia. Com isso acabaram-se os problemas de falta de segurança dos últimos anos, já que a cerca de arame, especialmente no lado da rua Felizardo Furtado, tinha uma abertura que dava acesso a todo tipo de gente. “Entravam também muitos cachorros vadios e até cavalos de carroceiros das redondezas, que ficavam estacionados aqui dentro. A quantidade de cocô que recolhíamos era enorme”, conta o vice-diretor, Luis Fernando Moraes. Também foi contratada uma empresa de vigilância do local. “Hoje não temos mais problemas nessa área”, garante Moraes.
Funcionando em dois turnos, a ESEF não tem aulas de graduação à noite, muito embora sejam desenvolvidos outros tipos de cursos e atividades nesse período. “E só não abrimos no sábado por falta de recursos”, informa o professor .Os portões são abertos, de segunda à sexta, das 6 horas da manhã às sete da noite, período em que qualquer morador do bairro (ou de fora dele) pode frequentar esse espaço, que pode até ser considerado público. Outra coisa que pouca gente sabe: a Escola conta com um canil (paga-se uma diária) para hospedagem de cães – algo, sem dúvida, muito útil para quem mora sozinho e, ao viajar, não tem com quem deixar seu animal.


Escola remonta aos anos 30, na época de Getúlio


A ESEF está no Jardim Botânico desde julho de 1963 mas a sua história remonta ao final dos anos 30, quando o Governo do Estado resolveu criar o Departamento Estadual de Educação Física por recomendação do Interventor Osvaldo Cordeiro de Farias. As profissões ligadas à area do esporte tinham sido regulamentadas naquele ano e o Rio Grande do Sul não quis ficar atrás. Foi então nomeado como diretor da Escola o capitão Olavo Amaral da Silveira. A seu lado estava um grupo de entusiastas – Valdir Calvet Echart, Frederico Gaelzer, João Gomes Moreira Filho e Max Hanke. Não havia um local centralizado e cada modalidade tinha aulas em diferentes pontos da cidade. O curso durava dois anos e a primeira turma formou-se em 1941 – eram 98 homens e 26 mulheres.

Frequentada por centenas de pessoas a cada dia (na primeira foto, com os edifícios do Condomínio Felizardo Furtado aos fundos), a Escola é palco de caminhadas e corridas em sua pista central, de 400 metros. Na foto seguinte, a ESEF vista da avenida Salvador França.

Fundação de Pesquisa fabrica e distribui medicamentos

Difícil imaginar que aqui trabalhem 420 funcionários, em dois turnos de trabalho, produzindo medicamentos para toda a rede pública de saúde do Estado – analgésicos, anti-hipertensivos, diuréticos e até morfina. Medicamentos estes direcionados ao Sistema Único de Saúde, SUS, das prefeituras municipais e da Secretaria Estadual da Saúde, comercializados sempre a preços mais baratos do que os cobrados pelos laboratórios comerciais.
Localizado na avenida Ipiranga, entre o Bourbon e a Terceira Perimetral, o complexo da Fundação Estadual de Pesquisa e Produção em Saúde, FEPPS, é um campus não só de fabricação e de pesquisa nessa área como presta serviços ao cidadão comum que, por exemplo, precisa realizar exames para detectar doenças como a tuberculose, o mal de Chagas, dengue ou HIV, entre outros, todos mediante prévia requisição das autoridades médicas. Também está apto a fazer exames de paterminade
Instalado no Botânico há muitos anos, com prédios sendo ampliados e reformados, o campus do FEPPS abriga o Laboratório Farmacêutico e o Laboratório Central do Estado, bem como o Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da área da saúde. Apenas três outros setores da Fundação – o Hemocentro, o Sanatório Partenon e o Informção Tecnológica – é que não se localizam aqui. O orçamento da FEPPS deste ano é de 15 milhões de reais (não contando a folha de pagamento), com um total de cerca de 600 funcionários trabalhando em todos esses locais.
TUBERCULOSE – O grupo de pesquisadores e cientistas que trabalha na avenida Ipiranga compreende cerca de 35 profissionais com formação superior (a maioria com doutorado). Eles são o que melhor há nessa área, tendo desenvolvido, por exemplo, um kit para diagnóstico da tuberculose considerado inovador e completo até por colegas de grandes centros como Rio e São Paulo. “Na área de biologia molecular somos líderes nacionais, e felizmente não temos problemas de defasagem tecnológica. Também estamos completamente informatizados”, informa Alberto Nicolella, pesquisador e médico veterinário que trabalha há 12 anos na Fundação.
Os medicamentos produzidos pelo Lafergs – Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul - saem daqui com a marca Lafergs estampada no invólucro e são distribuídos, potencialmente, para todos os municípios gaúchos através da Divisão de Assistência Farmacêutica.

Bem próxima do CTG 35, na avenida Ipiranga, a FEEPS fabrica vacinas e realiza diversos tipos de exames.

Seu Alécio e seu histórico bar e armazém

“Que mandar!”. “Apatola!”. Quais os frequentadores do bar do seu Alécio que não lembram essas palavras e o seu jeito cordial e calmo de atender a todos? Uma das figuras mais queridas do bairro, aonde chegou no final dos anos sessenta, seu Alécio Caselani teve um armazém de secos e molhados na Felizardo e, depois, o seu tradicional bar, na esquina com a Barão (onde hoje está a farmácia de dona Léa). Mais recentemente transferiu-se para a metade da quadra, alguns metros adiante, e ali trabalhou durante vários anos até enfrentar problemas de saúde e encerrar seu negócio. Natural de Carlos Barbosa, casado com dona Idalina, pai de um casal de filhos (uma das quais é a cirurgiã-dentista Denise, que trabalha no bairro), seu Alécio, hoje octogenário e doente, acumulou patrimônio através de trabalho duro e continuado.
Nas fotos, alguns momentos e figuras humanas que fizeram parte da história do bar do seu Alécio. Em preto e branco, Vilson, já falecido, nascido no Botânico, grande pessoa que deixou saudades. Em outra, Cy, também já no segundo andar, pagando a conta.




Está faltando uma verdadeira associação de moradores

Criada em 1998, a Associação Comunitária e Beneficente dos Moradores e Amigos do Jardim Botânico “está praticamente se extinguindo”, afirma o seu presidente, Carlos Boa Nova, aposentado, 63 anos, morador da rua Roque Gonzales. Quando do seu início, a entidade chegou a congregar cerca de 500 associados, dos quais restam poucos. Motivo básico: a AMOJB não soube mobilizar a comunidade.
“A Associação estava sem atividades e os sócios foram se afastando”, explica Carlos. Outra razão apontada pelo presidente tem a ver com as transformações que o Jardim Botânico tem sofrido nos últimos anos - a chegada de novos moradores, gente que vem de outras regiões e não tem maiores vínculos com o bairro. “O Jardim Botânico está em transição, os moradores mais antigos foram se mudando daqui, vendendo suas casas para se fazer edifícios, hoje há o predomínio de jovens casais, geralmente sem filhos, que trabalham fora e só vem para dormir. Eles não participam da vida comunitária e nem tem interesse nisso”, argumenta Boa Nova. “E, por outro lado, a Associação teria, necessariamente, que se adaptar aos novos tempos, ter mais canais de comunicação com a comunidade.”
DIVIDAS – Até há pouco tempo a entidade mantinha uma sala alugada na Felizardo, no edifício dos Mocelin, ao lado de onde hoje está uma videolocadora. Sem associados, sem recolher dinheiro (as mensalidades, de 3 e 5 reais, são quase simbólicas) e sem desenvolver atividades arrecadatórias, a AMOJB está hoje mergulhada em dívidas. Os aluguéis não foram pagos e até mesmo um oficial de Justiça já veio intimar o presidente a fim de saldar os débitos.
“A nossa última arrecadação foi de 129 reais, uma insignificância que não dá para nada”. Até mesmo o telefone não mais existe, e os poucos móveis da Associação estão guardados em um depósito. Portanto, a menos que surjam fatos novos, a Associação caminha para o seu fim, assegura Carlos. Líder comunitário, morador do Botânico desde 1977, ele, logicamente, lamenta isso, sobretudo quando se sabe da importância de uma entidade de moradores. Além de presidente da Associação desde o final do ano passado, ele é conselheiro do Orçamento Participativo, integrante do Conselho Municipal de Transporte Urbano, diretor de departamento da União das Associações Moradores de Porto Alegre, UAMPA e membro da CPA – Comissão Permanente de Acessibilidade, um órgão que cuida dos direitos dos deficientes físicos.
SHOPPING – Vivendo um momento de transição de “classe média baixa para classe média e média alta”, o Jardim Botânico é hoje uma área de crescente expansão imobiliária. Novos prédios estão sendo erguidos em quase todas as ruas. “O Botânico é um bairro emergente. Dentro de uns cinco anos a Terceira Perimetral vai ser como a Carlos Gomes é hoje”, prevê Boa Nova.
A localização, os serviços, a infra-estrutura do baixo, a proximidade do centro, são alguns dos fatores que explicam tal progresso.
Outra possibilidade é o projeto de um mega shopping que deverá ser construído entre a Salvador França, a Senador Tarso Dutra e a Cristiano Fischer, em terrenos da Máquinas Condor. As informações a respeito são poucas e imprecisas e nem mesmo ele, presidente da Associação dos Moradores, sabe dar maiores informações a respeito. “Não sem nem quem vai construir mas sei que está previsto para ser uma coisa muito grande. Só que a coisa está parada, já que foi encontrado um depósito de água mineral próximo do Posto do Darci, e essas coisas de subsolo são complicadas, dizem respeito à União”, afirma Carlos.
POSTO DE SAUDE - Uma velha reivindicação do bairro (e muito usada para fins eleitoreiros), o Posto de Saúde, deverá mesmo sair, informa o presidente, sem contudo fixar prazos para o início das obras. “O Posto já foi aprovado pelo Orçamento Participativo e tem até recursos alocados, 67 mil reais. Mas não dá para falar em prazos porque as obras do OP seguem um cronograma, tem outras, de outros bairros, na frente, é um processo burocrático”, afirma. A área, próxima à rua Itaboraí, já foi doada pelas Máquinas Condor, empresa que possui muitos terrenos no bairro (e no restante da cidade também). “Será um Posto de Saúde de Atendimento Familiar”, informa Carlos Boa Nova. Hoje o posto mais próximo é o das Bananeiras, já que o da Vicente da Fontoura foi desativado.
Algo que realmente deverá acontecer é a transformação da Praça Raimundo Scherer em praça símbolo dos portadores de deficiência física, um projeto, segundo Carlos, já aprovado pela SMAM, Secretaria Municipal do Meio Ambiente. “Isso já está definido. Vão acontecer ali, em breve, atividades sócio-culturais, principalmente para crianças deficientes, aproveitando que a praça está agora bem iluminada”. Projeto nesse sentido já foi elaborado pela SMAM. A Praça ganhará mais brinquedos infantis, novos bancos, mesas para jogos, entre outros equipamentos, com verbas garantidas no Orçamento Participavio.
Quanto à urbanização da rua Itaboraí, que é interrompida ao meio por uma estreita passagem de terra batida (atrás do Gecepel, altura do bar do Rui), é uma obra que também deverá ser realizada, embora, do mesmo modo, não se precise quando isso ocorrerá – provavelmente no primeiro semestre do próximo ano. Há ainda outro projeto – o de uma creche comunitária, que provavelmente vá estar localizada junto do futuro posto de saúde.

Os prós e os contras da Terceira Perimetral

Com seus 12 quilômetros de extensão, pistas largas que cruzam 20 bairros, a Terceira Perimetral foi definitivamente concluída – depois de longos e conturbados anos de obras que exigiram o sacrifício da comunidade e, sobretudo, dos comerciantes situados à sua volta. Orçada em quase 60 milhões de dólares – entre recursos municipais e financiamentos junto aos organismos internacionais – a mais moderna e rápida via expressa de Porto Alegre deu outra cara à nossa paisagem urbana.
Iniciando na Zona Norte, liga esta parte da cidade com a zona leste e, por fim, com a Zona Sul e o Extremo Sul da Capital, o que facilitou extraordinariamente o tráfego entre todas essa regiões, permitindo um rápido acesso ao Aeroporto Salgado Filho e às praias do Litoral Norte. Idealizada há vários decênios, tornou-se uma gradativa realidade a partir dos governos da Frente Popular, que priorizaram a iniciativa. Seu término aconteceu agora, no governo de José Fogaça, com a conclusão do viaduto Celso Furtado – de passagem de nível – no bairro Teresópolis, onde, aliás, acaba oficialmente. Com a duplicação da avenida Juca Batista, ganhou ainda mais importância no sistema viário de Porto Alegre.
IMPORTÃNCIA - “A Terceira Perimetral é um eixo viário, um sistema de propulsão do tráfego de Porto Alegre”, explica o secretário municipal de Obras e Viação, SMOV, Maurício Dziedriki.
“O intuito da obra é resolver o problema de deslocamento entre as regiões norte e sul e tem grande importância no crescimento da cidade, com estímulo aos estabelecimentos comerciais, é um projeto extremamente dinâmico”.
Dinâmico é, de fato. Por sua característica de via expressa, apresenta poucos pontos de interceptação e de parada – ou seja, prioriza-se a velocidade e os motoristas, algo bem diferente do que eram, por exemplo, a avenida Senador Tarso Dutra, a avenida Salvador França, a Coronel Aparício Borges e a avenida Teresópolis. Em decorrência desse fator, muitos comerciantes terão de se adaptar às novas características, o que nem sempre é fácil. Mesmo enfatizando o lado positivo da obra – entre os quais se inclui a valorização dos imóveis às suas margens – muitos deles queixam-se de que estão, até este momento, arcando com alguns prejuízos originados pelo trânsito rápido, pela falta de locais de estacionamento e pelo recuo forçado de seus territórios.
Um dos que se julgam prejudicados é um dos proprietários do Supermercado Tres, Valcir Tres, instalado em Teresópolis há 30 anos. Embora não esteja às margens da perimetral, e sim um pouco adiante, na sua continuação, o comerciante diz ter observado uma queda no movimento de clientes. “Na realidade, paro o comércio a Terceira Perimetral foi muito ruim. Perdemos o estacionamento, que no meu caso já era pequeno, e ainda por cima não nos indenizaram”, conta ela. “Eu senti uma queda no movimento. Para o comércio, nenhuma via expressa é boa, ninguém para seu carro e, em consequência, acabamos ficando só com a clientela tradicional, a mais fiel, que mora muitas vezes aqui perto”.
O Três é um típico supermercado de bairro cujo diferencial é o preço menor que oferece aos fregueses, fruto, diz Valcir, de custos menores que o arcado pelas grandes redes. Além deste ponto, na avenida, o Tres está presente em mais três outros locais da Zona Sul (são cerca de 40 funcionários, no total) – sendo um outro em Teresópolis. Mesmo assim, Valcir reconhece que a Perimetral “foi uma obra boa para o trânsito”.
Também em Teresópolis (avenida Teresópolis, 3111), Iara Ribeiro, proprietária da loja Iara Cabeleireiros, lembra os transtornos de mais de dois anos de construção, com a presença das máquinas, dos operários, do barulho e da poeira. Foi o período mais crítico, para ela.
“Muitas vezes faltava água aqui para nós, e um salão de beleza sem água não existe. Tivemos que negociar com o pessoal das empreiteiras, apelar para a colaboração deles que, felizmente, existiu.” “Mas valeu a pena”, argumenta. “Ficou bem mais bonito, não posso reclamar, estou nesse ponto há quase 30 anos, peguei isto aqui quando era uma faixa estreita. No meu caso, o movimento continua igual, não tive prejuízos, até porque os meus clientes moram no bairro, em sua maioria.”
Opinião reforçada por Margarete Woyda Seixas, dona da Voida, Moda Grande, uma poja de moda situado junto ao Supermercado Nacional, também em Teresópolis. “Não senti nenhum prejuízo”, afirma ela, que tem outra loja na avenida Wenceslau Escobar, na Tristeza, também ampliada.
“Lá sim, foi ruim, as obras de duplicação causaram muitos transtornos e teve muita gente que fechou seus negócios”. Quem também mostra neutralidade é Jocemar, funcionário da Academia Power Center (avenida Teresópolis, 3621), presente há mais de 20 anos no bairro. “No nosso caso não teve nenhuma mudança, até porque temos estacionamento próprio”, afirma ele.
Ter estacionamento parece ser o nó central da questão – algo extremamente necessário e problemático. Como aumentou extraordinariamente a quantidade de carros em Porto Alegre, assim como o trânsito se torna a cada ano mais complicado, o estabelecimento comercial que não dispor de tal espaço para ofertar a seus clientes simplesmente deixa de existir para os compradores motorizados.
Como a obra de ampliação comeu alguns metros quadrados de muitos empreendedores, eles perderam uma boa gama de fregueses para seus concorrentes que dispõem desse serviço. É o caso da Cervofarma, uma drogaria localizada na avenida Aparício Borges, 539. Há mais de 20 anos no mesmo local, a farmácia sentiu uma leve queda em seu movimento. “O movimento deu uma diminuída por causa do estacionamento que ficou menor. O pessoal hoje corre o risco de ser multado. Antes dava para parar quatro ou cinco carros aqui, agora não dá mais, até porque estamos na esquina com a Oscar Pereira”, informa Alexandre, um dos atendentes.
Outra farmácia – esta mais recente – que sentiu os reflexos da via expressa é a SOS Farmácia, na Aparício, 1463, esquina com a rua São Miguel. Segundo Vinícius, um dos funcionários, a obra é boa e necessária. Contudo, a par das visíveis vantagens, ele se mostra relutante com a “tranqueira no horário de pico”, além de lamentar a falta de estacionamento. “Antes tinha mais circulação, mais facilidade”.
VEICULOS – Sonia Braga dos Santos, dona da Ipanema Veículos (Aparício Borges, 1187, a uma quadra e meia da Oscar Pereira) – compra e venda de veículos novos e usados - considera o excesso de velocidade um dos principais problemas da Terceira Perimetral e pede a instalação de “alguns pardais”. Ela também acha negativo o fato de se ter feito a calçada do passeio público muito estreita, o que, no seu caso, impede um melhor acesso ao pátio onde estão os veículos à venda.
“Eu não tenho onde meter o meu carro, quando chego, a não ser em cima da calçada, e até já fui multada pelos azuizinhos por isso”. Sonia acha que alguns clientes foram perdidos em função desses dois fatores. “Eu acho que a gente perdeu clientes pelo fato da faixa ser muito rápida, o pessoal olha e passa, acaba indo para outro local”. Assim como muitos outros comerciantes, ela tem clientes fiéis, o que é sempre algo positivo nesse caso, e, mesmo lamentando os transtornos – principalmente no período das obras – considera a Terceira Perimetral algo positivo:
“É um referencial para os clientes, um argumento de vendas que se pode colocar no cartão. Eu tenho muitos clientes do interior e sempre digo a eles que estou na Terceira Perimetral, com fácil acesso. Além disso é uma avenida bem iluminada, antigamente a gente tinha uma simples estradinha aqui”. Conforme tem observado, muitos clientes que haviam indo embora em função dos transtornos da construção agora estão voltando – e com ânimo redobrado.
BOTÃNICO - Mais adiante, em direção à Zona Norte, no bairro Jardim Botânico, a Terceira Perimetral trouxe um surto de progresso. O comerciante Paulo Silveira, dono de um pequeno armazém e bar na esquina com a Valparaíso, lembra dos tempos em que a avenida Salvador França era uma faixa estreita e poeirenta – agora é uma larga e movimentada avenida.
“No meu caso, e acho que no de todos na volta, foi muito bom. Valorizou os imóveis, inclusive o meu, trouxe novos negócios, além de mais segurança e iluminação pública. Hoje a gente pode dizer que faz parte do mapa de Porto Alegre. Pra mim, tá tudo ótimo, nem quero falar do passado, que era uma estagnação só”.
De fato, os aspectos positivos dessa importantíssima obra viária superam amplamente quaisquer possíveis e passageiras desvantagens – aos poucos os empresários vão se adaptando às suas característicos e diminuindo seus leves lamentos, muito embora, em alguns casos pontuais, os prejuízos realmente existam.
“Quem acha ruim a Terceira Perimetral tem que ser internado no Hospital Espírita”, afirma, com veemência, Pedro Pandolfo, proprietário da Pedrocar (Praça Guia Lopes, 87) e líder comunitário. “Quem diz que é ruim é porque nunca acompanhou o processo. Para nós foi ótimo, valorizou os imóveis o bairro, além de ter sido uma discussão democrática na qual a comunidade foi ouvida e deu sugestões. É claro que tem gente que quer um retorno a cada quadra, o que chega a ser uma piada”, opina ele. Ex-presidente e ex-vice-presidente da da Associação Comunitária do Bairro Teresópolis, presente no bairro desde 1969, Pedro lembra as compensações que a comunidade teve com a via expressa. “Ganhamos um centro cultural, um posto de bombeiro e de policiamento, então não podemos falar em prejuízos”.

Imóveis se valorizaram

A valorizacão dos imóveis em sua área de influência foi um dos efeitos mais marcantes da Terceira Perimetral. Segundo Jairo José Dorneles, corretor que atua no Cristal, “o mercado melhorou, as pessoas procuram comprar imóveis com localização adequada para as suas necessidades, perto de faculdades, por exemplo”.
No caso da Terceira Perimetral, diz Jairo, não chegou a haver um acréscimo nos preços dos imóveis, porém a utilização da Perimetral como argumento de vendas não pode ser desprezada.
“É claro que eu uso isso como argumento de vendas. As pessoas, hoje, estão buscando facilidade de deslocamento e proximidade com faculdades, por exemplo, e a Perimetral leva as pessoas à PUC”, lembra ele.
Trabalhando há 35 anos no Cristal, Jairo vê a Zona Sul, hoje, crescendo a partir da avenida Juca Batista, principalmente. “O Cristal não tem mais como crescer, a tendência é crescer a partir da Juca em direção à Restinga, é ali que está o progresso”. Segundo ele, “se o camarada tem filhos na Faculdade, a gente explora esses argumentos, assim como a facilidade para se chegar ao aeroporto”. A Perimetral, no seu entender, trouxe facilidades de deslocamentos, entre tantas vantagens porém a Zona Sul, na sua visão, ainda tem muito a crescer, especialmente caso saia do papel o tão falado shopping no bairro Cristal, junto á área do Hipódromo.
“As informações que eu tenho é que esse shopping vai realmente sair, vai ser construído pela Interplan, uma empresa paulista, e talvez esteja em construção já no próximo ano. A Zona Sul está crescendo mais para o sul. O Cristal, por exemplo, não tem mais como crescer, e nem Ipanema, para citar outro exemplo. O que está mais se desenvolvendo hoje é a Juca Batista, em direção à Restinga”, opina ele.
Outra corretora que viu vantagens na conclusão da Perimetral é Ana Paula Matos, funcionária da imobiliária A3. Vantagens que não chegam a ser mensuráveis no momento, afirma ela, porém utilizáveis no convencimento do cliente.
“O acesso à Zona Norte, a facilidade de se chegar à PUC, às faculdades, tudo isso funciona como um excelente argumento de vendas”, reconhece. “”É claro que os preços não foram alterados, os valores, mas as pessoas valorizam as vias rápidas, as facilidades de deslocamentos, e a Zona Sul, por ser uma parte mais sossegada da cidade, tem atraído muita gente”.

Hospital São Lucas é centro de excelência

Muita gente não se recorda, mas o Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica, PUCRS, é irmão do Condomínio Habitacional Felizardo Furtado. Pelo menos na data de inauguração e na pessoa inauguradora – o então presidente da República Ernesto Geisel.
Foi ele quem cortou a fita inaugural do primeiro hospital da Congregação dos Irmãos Maristas em todo o mundo (hospital que muita gente, erroneamente, pensa não estar localizado no Jardim Botânico). O dia era 29 de outubro de 1976, uma sexta-feira, e o São Lucas surgiria ao mundo como “Hospital Universitário da PUCRS” - um hospital geral, destinado a pacientes adultos e crianças e também um local de estágio para os mais de 800 alunos de vários cursos da PUC. As obras haviam iniciado em 1972 e, em 1973, estavam concluídos os laboratórios, colocados à disposição para o ensino médico, com os estudantes do curso de Medicina atendendo sob orientação dos professores da Faculdade. Em 1982, por razões jurídicas – e também por ter mudados seus objetivos iniciais – passou a ter a denominação atual.
200 MILHÕES DE CRUZEIROS - A construção só foi possível graças a subvenções estaduais (seis hectares foram doados pelo Governo do Estado), subvenções federais e financiamentos externos, além dos recursos da própria PUC. O São Lucas foi o trigésimo nono hospital de Porto Alegre e aproveitou a primeira turma do curso de Medicina da Universidade, formada em 1975. O custo total da obra foi de 200 milhões de cruzeiros – o que valeria isso hoje?
Na época da inauguração tinha 40 mil metros quadrados de área construída, capacidade para 600 leitos, 27 ambulatórios, além de laboratórios, salas de raio X, etc. Um completo equipamento para atendimento geriátrico veio do Japão e, em breve, passaria a contar com setor de Medicina Nuclear e Praxiterapia. O Centro Cirúrgico contava com 12 salas. O início do funcionamento, entretanto, não seria imediato.
Naquele 29 de outubro, depois do Presidente ter inaugurado o Condomínio Felizardo Furtado, sua comitiva deslocou-se até a avenida Ipiranga, onde foi recebida pelo Irmão José Otão, Reitor da PUC, pelo Cardeal D. Vicente Scherer e por um grupo de professores. Geisel – que tinha a seu lado o governador Sinval Guazzelli – descerrou a placa comemorativa e D. Vicente deu a benção.
Atualmente circulam pelo São Lucas cerca de 18 mil pessoas, todo dia, muitas delas vindas de outros Estados. A área construída, neste momento, é de 55 mil metros quadrados, sendo 49 mil de hospital e seus serviços e 6 mil do Centro Clínico. Cerca de 2.300 funcionários trabalham no local, sendo 170 médicos residentes e um corpo clínico de outros 550 médicos. O estacionamento é suficiente para 1.500 veículos. Internamente, são 549 leitos para pacientes internados, sendo 440 de internação convencional e 78 de UTIs – adultos, coronariana, pediátrica e neonatal – além de 22 leitos de observação para pacientes de urgência. O ambulatórios está projetado para 110 consultórios e atualmente passa por modificações.
CENTRO DE REFERENCIA - O Centro Clínico foi inaugurado em 1988, e abriga 160 conjuntos, 64 especialidades médicas e é destinado preferencialmente aos professores da Faculdade de Medicina. Mantido pela UBEA – União Brasileira de Educação e Assistência, uma entidade civil da congregação dos Irmãos Maristas em Porto Alegre – o São Lucas tem nove pavimentos, sendo o último com apartamentos de internação particular e de luxo. Atende também pelo Sistema Único de Saúde, SUS, e seu objetivo oficial é “ser reconhecido, no Brasil, até o ano 2010, como um hospital padrão de referência em gestão, assistência, ensino e pesquisa em saúde”.
O nome homenageia São Lucas, apóstolo, médico e padroeiro dos médicos.
TELEFONES: 3320.3000 (geral). 3320.5000 (centro clínico).


Mais de 2 mil funcionários trabalham no São Lucas, um hospital escola da PUC que se tornou centro de excelência médica em várias áreas.

Professora Nidia lembra dos anos 50

Dona Nídia Ricciardi de Castilhos foi professora e diretora (sete anos) da escola Otávio de Souza, época em que também residia no bairro. Mais de meio século depois, ela lembra do Jardim Botânico (mora hoje na Barão) como uma ilha de tranquilidade e do Otávio de Souza como um colégio de pais interessados e alunos comportados, muitos dos quais a encontram na rua nos dias de hoje: “Eles ainda me cumprimentam e perguntam como estou”, diz.
Natural do Alegrete, na Fronteira, 77 anos de idade, ela começou a dar aulas no antigo Otávio de Souza no distante ano de 1954 – ou seja, 52 anos atrás. Nessa época, recém casada, morava na rua Surupá, “em uma casa de alvenaria, alugada da família Scherer, que tinha muitas casas aqui.” O Otávio só ia até a quinta-série, era ao lado da ESEF e todos, segundo ela, “eram todos do Botânico e todos muito bonzinhos”.
A vida era simples, então, todos se conheciam e aos domingos muitas famílias faziam piqueniques no recém-inaugurado Jardim Botânico. A avenida Salvador França – que ia somente até a rua Felizardo – já era uma avenida movimentada, garante, “muito larga, de terra batida, com muitos ônibus passando”. A Vila dos Bancários já existia, a maioria das residência do bairro eram de madeira e o armazém do Antonio Mocelin, no final da linha do ônibus, era o centro de tudo, uma espécie de supermercado da época. “Depois veio o seu Alécio, na esquina com a Barão do Amazonas. “Lembro que havia um açougue na esquina da Valparaíso com a Salvador França e um mercado do outro lado, de uns alemães”, recorda. “O prédio que está na esquina da Salvador com a Surupá também já existia, acho que foi o primeiro prédio daqui. Esses dias eu voltei na rua Surupá, não reconheci e perguntei a uma pessoa que rua era aquela. Sabe o que ela respondeu: é a rua em que a senhora morou!... Sei que está diferente, muito bonita”.
Para matar as saudades desse tempo, dona Nídia e as antigas professoras e amigas do colégio Otávio de Souza reúnem-se uma vez por mês. “Tomamos chá e falamos daquela época”, conta ela.

Condomínio Felizardo Furtado foi inaugurado pelo Presidente da República

Sexta-feira, 29 de outubro de 1976. Os jornais do dia traziam notícias sobre a onde de assassinatos e violência política na Argentina, onde, depois do golpe militar do início do ano, subia para 1.135 o números de mortes, no confronto entre a ditadura e a guerrilha de esquerda. Nos Estados Unidos, o candidato Jimmy Carter, do Partido Democrata, perdia votos para o republicano Gerald Ford, indicavam as pesquisas da campanha eleitoral americana que teria lugar no mesmo ano.
Enquanto isso, no Brasil, tal como hoje, milhões de pessoas acompanhavam a novela “O Casarão”, transmitida pela rede Globo.
Quem estivesse a fim de ver um filme no cinema, tinha à disposição, nas proximidades, os cines Ritz e Açores e, mais adiante, no Partenon, o Miramar e o Regente.
Aliás, naquele dia de outubro de 1976, às 19 horas, a mesma emissora – através da TV Gaúcha – transmitia a novela das 18 horas, “Escrava Isaura”, seguida, uma hora mais tarde, por “Estúpido Cupido”. Pela manhã, passa a “Vila Sésamo”. Na área esportiva, o Internacional, campeão brasileiro do ano anterior (e que seria bi nesse ano), preparava-se para jogar no domingo contra o Coritiba, em Curitiba, enquanto o Grêmio de Telê Santana deveria enfrentar o Fluminense no estádio Olímpico. No plano econômico, um dólar valia 11,75 cruzeiros na compra e 11,83 na venda.
Iniciava-se um esperado feriadão, já que a segunda-feira, 2 de novembro, seria a data de Finados. Em Porto Alegre acontecia a Vigésima Segunda Feira do Livro, evento que merecia amplo destaques nas páginas do principal jornal do Rio Grande do Sul, o Correio do Povo.
Abaixo, o condomínio visto de dentro, e a moradora que leva seu cachorrinho a passear na calçada que margeia o conjunto, um hábito cada dia mais comum em tempos de solidão.



Condomínio da CORSAN, um dos mais antigos

Mais antigo do que o conjunto Felizardo Furtado, o Condomínio Conjunto Habitacional dos Servidores da CORSAN foi inaugurado em maio de 1974. São três prédios, totalizando 319 apartamentos de um e dois dormitórios, além de um salão de festas, uma churrasqueira, uma quadra de esportes, uma pracinha e uma construção destinada ao setor administrativo.
Entre a Itaboraí e a Felizardo, vizinhando com a Praça Nações Unidas, com oito andares cada, as três construções chamam a atenção de quem passa.Boa parte dos atuais moradores – cerca de 1200 pessoas - estão aqui desde os primeiros anos, como é o caso da síndica-geral (não existem síndicos por prédios), Inajara Silveira. “Vim para cá em julho de 1974. Lembro que foi feita uma coooperativa dos funcionários da Corsan, que começaram a pagar as prestações dois anos antes, quando do lançamento. Eu comprei o meu de um deles”, recorda ela. “Eles vendiam na planta”. A construtora responsável era a Gus Livonius, a mesma que fez o condomínio da Felizardo e que hoje, ao que tudo indica, não está mais operando no mercado. Quanto aos terrenos, pertenciam então ao senhor Pedro Pieretti – tradicional família do bairro.
ESTUDANTES – Em estilo antigo, cercado, sólido, com janelas de madeira, pintadas de verde, o Condomínio é formado, basicamente, por proprietários dos imóveis – cerca de 60 ou 70% dos moradores. Estes, em sua maioria, são pessoas de certa idade, “gente que chegou e foi envelhecendo aqui”, informa Inajara, moradora do Jardim Botânico há 40 anos. Ele recorda que por essa época, metade dos anos setenta, onde hoje está o Supermercado Gecepel havia o Supermercado Dalmás. Na volta, dos comerciantes, lembra do seu Alécio, do seu Camilo, do seu filho Zeca, da Padaria da Esquina com a Barão, da Farmácia Ideal, da Léa”.
Habitação tipicamente de classe média, o Condomínio tem alterado o seu perfil nos últimos anos, revela Inajara Silveira. “Noto que temos muitos estudantes, muitos deles vindos do interior, que alugam os apartamentos entre três ou quatro. Há também gente do interior que compra para os filhos”. Mesmo assim, não há maiores problemas de violência ou confusão entre os moradores, grande parte dos quais se conhece e se cumprimenta. Algumas câmeras de vigilância estão instaladas em pontos estratégicos (mas não nos elevadores) e foi contratada uma empresa especializada nisso – a Dielo.
Outra antiga moradora é dona Vírginia Odiva dos Santos, secretária da administração que está aqui desde os anos oitenta. Segundo ela, a procura pelos apartamentos do conjunto é muito superior à oferta, tanto que, hoje, praticamente não resta nenhum que não esteja ocupado. “Com a chegada do Bourbon, valorizou muito”. A valorização só não é maior pelo fato de só existirem 85 boxes de estacionamento de veículos, o que obriga muitos moradores a deixarem seus carros em estacionamentos pagos situados nas imediações.



Emanuel Domingues surgiu em 1971, destinado ao funcionalismo

São três andares, 218 apartamentos (máximo de 16 por andar) de dois, três e quatro dormitórios e seis lojas que estão fechadas. Localizado entre a avenida Ipiranga, a rua Alcebíades Caetano da Silva e a Chile, o Conjunto Residencial Emanuel Domingues foi inaugurado em 1971.
Destinado inicialmente a funcionários públicos, era um projeto do Instituto de Pensionistas do Estado, IPE, que financiava os imóveis pelo esticado prazo de 15 ou 20 anos. Aos poucos, como é natural, passou a ser habitado por um público variado, mas sempre de classe média e, em sua maioria, idosos – no caso dos proprietários. “Já os que alugal são geralmente jovens”, informa Clari Tende, síndica geral e moradora do condomínio há 19 anos.
Anterior ao Felizardo Furtado e ao da Corsan, o Emanuel Domingues não conta com elevadores e nem um sistema permanente de vigilância – que acontece somente à noite, aos finais de semana e nos feriados. Os furtos e roubos, porém, não chegam ainda a ser um problema, apesar da localização junto à avenida, garante a síndica.
A infra-estrutura do Residencial é bastante simples: algumas churrasqueiras e uma pequena pracinha para as crianças. Não existem elevadores. Estacionamento existe, mas não em quantidade suficiente.
Erguido em uma época em que o bairro era ainda uma espécie de vila formada por muitas casas de madeiras, terrenos baldios e antigos e pequenos prédios de alvenaria, o Emanuel Domingues (homenagem a um antigo morador do Jardim Botânico, dizem alguns) foi projetado originalmente para ir até a rua Valparaíso (por onde, em 1971, passava o Riacho Ipiranga), o que não aconteceu devido às invasões do local.
Em 1971, quando o condomínio foi construído, o bairro Jardim Botânico ainda contava com muitos terrenos baldios e áreas baixas que alagavam nos períodos de chuva.

Ruas homenageiam figuras históricas

De um modo geral, as ruas do Jardim Botânico homenageiam vultos, datas e figuras históricas, em especial na área militar e religiosa, como a Barão do Amazonas, a Roque Gonzalez. Mas há outras, como a Felizardo, a Felizardo Furtado e a Guilherme Alves, que dizem respeito à história da cidade.

RUA BARÃO DO AMAZONAS – Na realidade bem poderia se chamar “Almirante Barroso”, pois o Barão é nada menos do que o Almirante Francisco Manoel Barroso, o herói da Guerra do Paraguai. Comandando a corveta “Amazonas”, durante a Batalha do Riachuelo, o Barão ordenou ao timoneiro que a fizesse colidir de proa contra os navios inimigos, selando a sorte da guerra em favor do Brasil.
A Barão tem mais de três quilômetros de extensão e atravessa Petrópolis, Jardim Botânico, Partenon e o bairro Santo Antonio, iniciando na avenida Protásio Alves e terminando na Paulino Azurenha. Até a década de 1930 era conhecida tanto como Barão do Amazonas como “rua Esmeralda”. Uma lei municipal de 6 de julho de 1936 oficializou o atual nome. Nas décadas seguintes, com o desenvolvimento de Petrópolis, seguiu até a Protásio Alves e, em sentido oposto, subiu o morro, superou a sua crista e desceu no rumo da Glória, até encontrar a Paulino Azurenha.

Ao lado da Caixa Econômica Federal (no interior do shopping Bourbon), o banco Itaú é uma das duas agências bancárias do bairro. Nesta foto, o prédio do banco, na avenida Barão do Amazonas, o movimentado e valorizado "centrinho" do Botânico.

RUA DOUTOR SALVADOR FRANÇA – Salvador França Martins, nascido e falecido em Porto Alegre, foi um grande proprietário de terras na cidade no século XIX e XX. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo. Casou-se com Dona Inocência Prates de Castilhos, irmã do político republicano Júlio de Castilhos.

RUA DONA INOCENCIA – Homenagem à esposa do doutor Salvador França.
RUA FELIZARDO – Joaquim José Felizardo (1839-1899) foi um grande comerciante e partidário do abolicionismo. Muito antes da lei que libertou os escravo, eles já havia dado liberdade a todos os seus. Foi proprietário de terras no Caminho do Meio, alturas do hoje bairro Santa Cecília, naquela época conhecida por Chácara Felizardo, além de vereador de Porto Alegre.
RUA FREITAS CABRAL – João Francisco de Freitas Cabral, educador e político, nasceu em Viamão e morreu em Porto Alegre, em 1890. Foi marinheiro dos 18 aos 21 anos e depois tornou-se professor. Também elegeu-se deputado provincial. A rua, antigamente, se chamava rua Carlos Barbosa.
RUA FERREIRA VIANA – Divisa de Petrópolis com o Botânico. Homenageia Antonio Ferreira Viana, pelotense de nascimento, nascido em 1832 e falecido em 1905, no Rio de Janeiro. Formado em Direito pela Faculdade de São Paulo, foi deputado, senador e conselheiro do Império, além de ministro da Justiça de D. Pedro II. Espírito brilhante, grande orador, escritor de estilo primoroso, magoou o Imperador com um de seus pronunciamentos, porém nunca deixou de ser adepto do império. Antes de receber tal nome a rua chamava-se Simão Rosa.

RUA ROQUE GONZALES – Roque Gonzalez foi declarado santo pelo Papa João Paulo II, quando da sua visita ao Paraguai, em 1988. Da ordem dos Jesuítas, é considerado, junto com Afonso Rodrigues, um dos primeiros evangelizadores do Rio Grande do Sul e um dos primeiros mártires da nossa terra, já que os dois foram assassinados pelos índios guaranis no dia 15 de novembro de 1628, onde hoje é a localidade de Caiboaté. Roque, que tinha então 52 anos de idade, morreu com uma pancada de machado de pedra na cabeça e seu corpo foi depois queimado pelos índios que não concordavam com sua missão evangelizadora. Gonzales era filho de uma rica e importante família de Assunción, Paraguai, de onde veio. Junto com Afonso e um outro missionário chamado João del Castilhos, fundou várias missões – ou “reduções” no Paraguai, Argentina e Brasil, além de ter oficiado a primeira missa em terras do Rio Grande do Sul.
RUA AFONSO RODRIGUES – Afonso Rodrigues, também jesuíta, foi morto junto com Roque Gonzales e também foi declarado santo pelo Papa João Paulo II. Natural da Espanha, seu corpo foi queimado pelos guaranis.

RUA GUILHERME ALVES – É uma via que corta tanto o Jardim Botânico quanto o Partenon, iniciando na Ferreira Viana, passando pela Ipiranga e acabando na rua Mário de Artagão, no Partenon. Na planta municipal de 1916 aparece com o nome de “rua Progresso”. Em 1936 passou a ter o nome atual. Guilherme Alves, nascido em 1878 e falecido em 1930, foi o primeiro construtor dos grandes armazéns da zona do cais do porto, armazéns estes que mais tarde passariam a partencer à Cia. Costeira de Navegação. O nome da rua, porém, tem mais a ver com o fato de ter sido ele um dos primeiros construtores residenciais do bairro Partenon. Segundo se sabe, o progresso da rua foi lento mas firme. Na planta municipal de 1928, era apenas um logradouro do Partenon, sem ainda ter passado do arroio Dilúvio. Na planta de 1949 já aparece nos limites do Jardim Botânico.
RUA 18 DE SETEMBRO – É aquela pequena rua ao lado do shopping Bourbon. A data marca a rendição do Paraguai ao Brasil, na Guerra do Paraguai. Nesse dia, em 1865, em Uruguaiana, as forças paraguaias, cercadas pelos exércitos brasileiros, decidiram capitular.
Na história, o dia 18 de novembro também registra fatos marcantes: foi nesse dia, em 1950, que entrou no ar a TV Tupi, de São Paulo, de propriedade de Assis Chateaubriand, a primeira emissora de televisão do Brasil.
Em 1946, também nesse dia, é promulgada a Constituição Brasileira, a primeira depois da ditadura Vargas e que só seria alterada em 1988. Em 1969, é sancionada a Lei de Segurança Nacional do governo militar, prevendo inclusive pena de morte, prisão perpétua e banimento do país. Em 1984 o brasileiro Amir Klink completou a travessia do oceano Atlântico em um simples caíque, a primeira de suas muitas proezas. A data registra ainda a morte de Jimi Hendrix (1970), o nascimento da atriz Greta Garbo (1905), a fundação da CIA – Central Inteligency Agency, em 1947, a fundação do jornal New York Times(1851), além da Independência do Chile (1818).
Salvador França foi casado com Dona Inocência - os dois são, hoje, nomes de ruas do Botânico. Nas outras fotos, a avenida Ipiranga, vista da passarela que conduz à PUC, onde antigamente era o "banheiro dos padres" e onde se pescava e se tomava banho. Imundo e quase sem vida, o riacho é frequentemente dragado para a retirada de milhares de toneladas de detritos.

Bourbon mudou o perfil do bairro

Ele foi, e é, o mais importante estabelecimento comercial do Botânico, o empreendimento que modificou as características e valorizou toda a região à sua volta. Visto da Ipiranga, torna-se ainda mais grandioso – e quem não se lembra dos vários anos da sua construção, em um terreno que faz parte da história do JB, com dois campinhos de futebol varzeano? Pois ali (avenida Ipiranga, 5200), em 16 de novembro de 1998, implantou-se o Borbon Ipiranga, empreendimento do grupo Zaffari, empresa que fatura mais de 1,5 bilhão de reais por ano, emprega cerca de 8 mil pessoas e é a quarta maior receita do setor no Brasil e a única entre as quatro grandes redes de supermercados com capital cem por cento nacional.
Fazer compras ou simplesmente passear no shopping Ipiranga é um programa quase obrigatório para todos os moradores do Jardim Botânico e dos seus arredores. Pudera: de porte médio, para shopping, acolhedor, com 70 mil metros quadrados de área construída, 52 pontos comerciais, vários quiosques de serviços, uma praça de alimentação com 700 lugares, o local conta ainda com um hipermercado aberto das 8 horas da manhã até à meia-noite e que também funciona aos domingos.
Aqui é possível se assistir aos mais recentes lançamentos cinematográficos, para todas as idades, em algum dos oito cinemas da marca Cinemark, inclusive em horários matinais, a preços reduzidos. Também no verão se encontra um bom chope, uma comida portuguesa (Restaurante Calamares), café e música ao vivo, além de concertos comunitários e cantores e instrumentistas de qualidade que tocam de quartas aos sábados, na praça de alimentação, não só música popular brasileira, como pop, rock, baladas, bossa nova.
No interior do Ipiranga estão vários caixas eletrônicos, uma agência da Caixa Econômica Federal, uma casa de jogos e uma banca de revistas extremamente sortida, com centenas de títulos em todas as áreas. Há, ainda, mais de uma dezena de telefones públicos, banheiros em perfeito estado de limpeza e fraldários. Externamento, no subsolo, o estacionamento abriga centenas de veículos.
GIGANTE – O grupo Zaffari é totalmente gaúcho, o único entre os quatro grandes com capital totalmente nacional e gestão familiar (apesar de muito assediado por grupos estrangeiros).
Os hipermercados Zaffari são voltados para um público classe A e B, que buscam variedades de produtos, atendimento especial e conforto na hora das compras. Costuma-se dizer que o Zaffari não briga por preços pois disputa um segmento mais abastado. No ano de 2004 a rede faturou 1,3 bilhão de reais, com receita por metro quadrado de 11,2 mil reais – maior que o líder mundial norte-americano Wal-Mart. A empresa, no entanto, não costuma revelar os valores dos seus investimentos.
Além de, recentemente, ter comprado o estádio do Força e Luz, no vizinho bairro de Santa Cecília (negócio de 9,5 milhões de reais), está investindo pesadamente em São Paulo, mo bairro de Perdizes, área nobre da cidade. A inauguração está prevista para o próximo ano.
Serão 175 mil metros quadrados (quase três vezes maior do que o Ipiranga) de área construída, com cerca de 200 lojas e 10 cinemas. A idéia é competir com o grupo Pão de Açúcar e suas lojas especiais – o investimento total não foi revelado. No Rio Grande do Sul, o Zaffari compete com o grupo Sonae (marcas Nacional, Big e Maxxi), que agora pertence a Wal-Mart.
Nada mau para uma empresa que iniciou em 1935, quando o fundador Francisco José Zaffari e sua esposa Santini de Carli montaram uma pequena loja de comércio na Vila Sete de Setembro, no interior de Erechim. Anos mais tarde a empresa expandiu-se para Herval Grande. Nos anos cinquenta os negócios iam tão bem que a família inaugurou as primeiras filiais nas localidades vizinhas e, em 1960, chegou a Porto Alegre, abrindo um atacado. O Zaffari atua, desde os anos 80, na industrialização e comercialização de alimentos e é dono, hoje, das marcas Café Haiti e biscoitos Plic-Plac.
ZAFFARI BOURBON IPIRANGA – Tel.: 3315.5111

Na inauguração, Arthur Moreira Lima tocou o Hino Nacional
A inauguração do Bourbon foi uma solenidade e tanto: naquele dia 16 de novembro de 1998 mais de 2 mil pessoas se acotovelaram na esquina da Ipiranga com Guilherme Alves para assistir aos festejos e aos discursos. Primeiramente o consagrado pianista carioca Arthur Moreira Lima executou o hino nacional brasileiro. A orquestra e o coral da PUC também se apresentaram para o público e para uma comitiva de autoridades que incluía o prefeito em exercício de Porto Alegre, José Fortunatti. A matriarca da família Zaffari, dona Santina, viúva do fundador Francisco José, fez o corte da fita inaugural, tendo ao seu lado o diretor-superientende da Cia Zaffari, Marcelo Zaffari.
Disse Marcelo: “Este shopping é uma flor com pétalas de concreto e vidro que se abre no bairro Jardim Botânico para tornar Porto Alegre ainda mais bela e agradável”.
PRÉDIO INTELIGENTE – Concebido pelos mais modernos padrões arquitetônicos, tendo em vista a satisfação e o bem estar dos clientes e visitantes, o Bourbon ocupou 1350 empregados diretos na sua construção. O terreno tem 39 mil metros quadrados (dos quais o hipermercado ocupa 10,8).
Um sistema de última geração controla toda a infra-estrutura do prédio: climatização, segurança das portas, rede hidráulica e até a refrigeração automática dos alimentos. A energia elétrica é garantida por três subestações que atendem de forma independente os cinemas, o shopping e o hipermercado. O Borbon faz parte dos chamados “prédio inteligentes”, tanto que, em caso de queda da energia elétrica, ela é automativamente ativada por um sistema automático que garante energia contínua por mais 24 horas, bem como a regulagem da temperatura do ar condicionado central.
A obra, que revolucionou a vida do Jardim Botânico, trouxe inúmeros benefícios para a comunidade. A ponte sobre o Dilúvio, na Guilherme, por exemplo, foi construída naquela ocasião, em uma parceria entre a empresa e a Prefeitura. Também foram asfaltadas as ruas em volta do complexo, foi aberta a 18 de Setembro para o tráfego e se investiu em iluminação pública e em obras do esgoto cloacal na Guilherme Alves, na 18 de Setembro e na avenida Ipiranga.
Por outro lado, a Associação dos moradores acompanhou de perto todo o processo de instalação. Em reunião com representantes da Cia Zaffari, a AMAJB (conforme a então secretária Laura Ferreira) cadastrou cerca de 500 moradores do bairro e imediações que desejassem trabalhar ali, sujeitos posteriormente ao processo de triagem e seleção.
O Bourbon foi inaugurado em 1998, com um concerto do pianista Arthur Moreira Lima.


Um oásias verde defronte ao asfalto

Entrar e permanecer lá é uma terapia: árvores e plantas por todos os lados, um laguinho onde se avistam grandes carpas e tartarugas nadando e mergulhando, sem nenhum receio de serem incomodadas. A quietude natural desse espaço verde só é quebrada pelo som dos passarinhos ou quando tartarugas saem do seu banho de sol e jogam-se novamente na água. Em volta, ouve-se o vento sacudir a copa das árvores e zunir entre as taquaras e os bambus. De vez em quando a voz de crianças, de casais de namorados, de colegiais em excursão.
Instituição que deu nome ao bairro, um dos cinco mais importantes do País, o Jardim Botânico é o refúgio perfeito para quem busca uma ilha de tranquilidade em meio à agitação urbana. Localizado junto à Terceira Perimetral, a história desse local confunde-se com a da comunidade à sua volta. Com 41 hectares de área total, perdeu muito da sua extensão original, que já foi de mais de 8O hectares. Parte de suas terras foi repassada à ESEF, outro tanto à PUC e ao Círculo Militar. Mesmo assim, abriga a mais completa coleção da fauna nativa do Rio Grande do Sul – e é esta, justamente, a filosofia da instituição.
“A idéia é representar o máximo possível a flora nativa do Estado”, informa Elisabete Martins da Silva, que dirige o setor de Comunicação Social e trabalha aqui há 30 anos. “Quando iniciei, era um descampado, não tinha quase nada”, recorda ela. “Mas o Jardim Botânico teve um salto de qualidade muito grande nos últimos anos”.
CAIXINHA DE SURPRESAS – No local funciona, além do Jardim, a administração central da Fundação Zoobotânica (que engloba o Zoológico de Sapucaia) e o Museu de Ciências Naturais. “O pessoal não sabe o que é isto aqui, nós somos uma caixinha de surpresa”, afirma Elisabete.
Poucas pessoas sabem, mas, além de local de visitação e lazer, há importantes trabalhos de pesquisa, de educação ambiental e até um serpentário (aberto à visitação pública) com mais de 400 cobras e serpentes, cujos venenos são extraídos e enviados para institutos fisioterápicos a fim de se produzir soros e medicamentos, trabalho executado pelo Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre, NOPA. A maior parte desses ofídios é capturada por pesquisadores, embora muitas pessoas disponham-se espontaneamente a trazer exemplares e doá-los à instituição.
São 11 mil metros quadrados de área construída e uma história com muitos altos e baixos. O prédio central, por exemplo, foi construído para servir como instalações da Televisão Educativa do Estado, a TVE, Canal 7 – que, aliás, nunca chegou a funcionar no Botânico. “Fizemos adaptações na estrutura, na qual estamos hoje”, diz a jornalista.
TRISTE MEMÓRIA - Idéias equivocadas por parte dos administradores públicos estaduais quase destruíram a concepção original do Jardim Botânico. Inaugurado em 10 de setembro de 1958, o período que vai de 1964 a 1974, especialmente, é de triste memória para os funcionários da casa. Esta ficou quase sem investimentos, desprestigiada, a área original foi repartida e pensou-se até em construir aqui um grande Centro de Convenções, come estacionamento para mais de mil veículos, o que seria o caos.
A partir de 1974, com a administração do professor Albano Backes, a situação melhorou, organizou-se novas coleções, retomou-se as expedições em busca de novas plantas e houve a definição – que vigora hoje – de se focar os trabalhos na flora nativa. Nos final dos anos 80 implantou-se um núcleo de educação e, em 1997, foram construídas as instalações para o Banco de Sementes e novas casas de vegetação, além de novos prédios, da compra de equipamentos modernos e contratação de mais funcionários (hoje são cerca de 100). Outra importante atividade são os estudos para licenciamento de empreendimentos de geração de energia eólica (ventos) no Estado, uma fonte de energia limpa em crescente valorização.
Em 2003, através de lei estadual, o Jardim Botânico foi declarado Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul. O presidente da Fundação Zoobotânica é Carlos Rubem Schreiner. Ney Gastal é o diretor do Museu de Ciências Naturais e João Carlos Correa Jardim o diretor do Parque Zoológico.

ÁREAS TEMÁTICAS
Passear pelo Botânico é conhecer a flora nativa do Estado, embora existam espécies de muitas partes do mundo. A criação de “áreas temáticas” foi muito importante para a sistematização dos trabalhos. Hoje existem muitas delas, como a de plantas perfumadas, a de plantas medicinas, a das ameaçadas de extinção, etc. Biológos – e muitos fazem estágio aqui – partem para o interior, à cata de novas espécies, as chamadas “expedições”. Também merece destaque o trabalho com fósseis nativos.
Não só a flora como a fauna recebe atenção dos pesquisadores. “Nós temos o registro de 105 aves nossas e, inclusive, vamos fazer uma publicação destinada a elas”, conta Elisabete. Os biólogos e outros pesquisadores igualmente desenvolvem um trabalho de educação ambiental, proferindo palestras em colégios, para estudantes de todas as idades.
Outra coisa que pouca gente sabe é que o Museu tem um setor destinado à comercialização de mudas da flora nativa para qualquer pessoa interessada. Há também um anfiteatro, destinado a shows, concertos e apresentações musicais que já chegou a reunir 10 mil pessoas alguns anos atrás, conquanto hoje não esteja sendo muito usado.
Aberto ao público de terça a domingo, integrado à comunidade, tanto o Jardim Botânico quanto o Museu de Ciências Naturais (chamado Museu Padre Balduíno Rambo, em homenagem a um dos fundadores e primeiro diretor da Fundação Zoobotânica) recebe milhares de visitantes a cada mês. Mesmo assim, a segurança não chega a ser um problema (até porque é uma área policiada e cercada) e não se registram invasões de seus limites. A Vila Juliano Moreira, localizada nos seus fundos, com dois hectares, já foi desapropriada pelo Governo do Estado e deverá ser regularizada e entregue aos seus moradores atuais de forma legal. A idéia é urbanizá-la.
COLONIA AGRICOLA - Falar em Juliano Moreira é falar no passado do local, quando aqui funcionava a Colônia Agrícola do Hospital Psiquiátrico São Pedro, conhecida como “Casa de Passagem Juliano Moreira”. Destinada a pacientes com problemas mentais (que muitas vezes fugiam e vagavam pelas ruas do bairro), junto a ela foram construídas residências para os funcionários que trabalhavam no local. Com a desativação da estrutura maior, as casas foram passando dos pais para os filhos, originando a pequena vila em direção à avenida Cristiano Fischer.
JARDIM BOTÃNICO – Av. Salvador França, 1427. Tel.:3320.2024 – Email: jbotanico@fzb.rs.gov.br – Serpentário aberto de terça a domingo, das 10 às 16 horas.

O Jardim Botânico abriu ao público há exatamente 50 anos. Na foto, o Museu de Ciências Naturais, uma "caixinha de surpresas".

As Origens do Jardim Botânico

Oficialmente, o Jardim Botânico nasceu no ano de 1959, pela lei número 2022, de autoria do vereador e historiador Ary Veiga Sanhudo. Nesse ano foram oficializados inúmeros outros bairros de Porto Alegre.
A história do Jardim Botânico corre paralela à da avenida Ipiranga e da canalização do riacho Dilúvio, obras que levaram décadas. No passado, toda essa região ribeirinha ao rio, desde a Agronomia até o Beira-Rio, era conhecida como o “Vale do Sabão”, uma área baixa e alagadiça. As constantes inundações do arroio eram um sério problema.
Em seu livro “Crônicas da Minha Cidade”, que parece ter sido escrito na década de 50, o historiador Ary Veiga Sanhudo é profético quando ao futuro promissor da região - “a zona mais próspera da cidade”. Escreveu ele, meio século atrás:
“O bairro São Luiz, como aliás foi por muito tempo conhecido, não apresenta verdadeiramente qualquer notabilidade maior do que as ajardinadas terras do nosso futuro horto botânico. É um lugar de condições modestas e pela circunstância de se achar encravado entre o Riacho e o cerro de Petrópolis, viveu sempre jugulado à sua embaraçante situação de bairro sem uma via própria de acesso com maior desenvoltura. A sua radial, todavia, é a perimetral rua Barão do Amazonas. (...) No entanto, não nos cabe dúvida que, no dia em que as formidáveis laterais do Arroio Dilúvio – avenida Ipiranga – estiverem completamente urbanizadas, propiciando o extraordinário tráfego desse imenso Vale do Sabão, desde a Agronomia até a Beira-Rio, todo este bairro, como os demais quarteirões ribeirinhos, tomarão outro aspecto e constituirão a zona mais próspera da cidade”.
QUERO-QUERO – Há menos de vinte anos, o Correio do Povo (23 de maio de 1987), em matéria da jornalista Magda Wagner, traçava um perfil do JB: “É um bairro tranquilo, de ruas largas, que mais parece uma cidade do interior (...) Em frente ao maior conjunto habitacional do bairro, na rua Felizardo Furtado, nos deparamos com uma inesperada plantação de agrião, reforçando a idéia de que o Jardim Botânico é, no mínimo, um bairro diferente. Os quero-queros, ave típica dos descampados, proliferam no bairro, alimentados pelas folhas de agrião.”
Antes de ser Vila São Luiz, o JB chamava-se Vila Russa, o que é explicado pela presença de imigrantes russos que chegaram aqui no início do século passado, instalando-se na parte alta, do outro lado da hoje avenida Doutor Salvador França.
O Jardim Botânico vive um surto de progresso que está alterando radicalmente o seu perfil, como se vê nestas fotos: grandes edifícios, como as torres que estão sendo construídas na rua Felizardo Furtado, trarão novos e diferentes moradores para cá. A abertura da Terceira Perimetral, uma das avenidas mais movimentadas da Capital, não foi, contudo, suficiente para espantar o cavalo que pasta em um de seus canteiros centrais. Na terceira foto, a sede do CTG 35, o marco pioneiro do tradicionalismo no Estado, localizado ao lado do Bourbon.