segunda-feira, janeiro 18, 2010

Centro da Obesidade da PUCRS apresenta resultados da cirurgia do diabetes tipo 2 em pacientes com sobrepeso
O Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas da PUCRS (COM/HSL/PUCRS) apresenta os resultados da primeira série de cirurgias do diabetes tipo 2, aprovada em protocolo pelo Comitê de Ética da PUCRS, em pacientes com obesidade e sobrepeso (índice de massa corporal entre 25 e 35 kg/m²). Dos 12 pacientes, nove tiveram alta hospitalar sem uso de medicamentos para o diabetes. Metade deles utilizava insulina a menos de uma década e foram submetidos à técnica denominada Bypass gástrico por via laparoscópica (menos invasiva), ou aberta (corte no abdômen de 10 a 15 cm) que consiste na separação do estomago em duas partes e a realização de um desvio intestinal denominado Y de Roux. "Os resultados demonstram que o impacto da operação na doença ocorre na maioria das vezes em pouco espaço de tempo, independente da quantidade de peso que o paciente perde”, destaca o coordenador do protocolo e diretor do COM, Cláudio Mottin. De acordo com Mottin, o Centro é o primeiro do país a estar em conformidade com as exigências legais, éticas e bioéticas para a realização desta cirurgia em diabéticos dentro de protocolo clínico. "A cirurgia que realizamos é padronizada e aprovada pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Federal de Medicina para pacientes obesos acima de 35 kg/m², além de ter outras indicações, como nos casos de câncer gástrico e outras patologias do tubo digestivo. “A única diferença no protocolo é que o Bypass está sendo realizado com pacientes de IMC mais baixo”.Técnica Bypass e diabetes O procedimento abrevia o caminho entre o estômago e o intestino e evita que a comida passe pelo duodeno e jejuno inicial (porções iniciais do intestino delgado), jogando-a numa parte mais perto do íleo (porção final do intestino delgado). E, é exatamente, por isso, que ocorre o aumento de produção de hormônios, entre eles o GLP-1, um dos mais importantes do grupo de incretinas que são substâncias fabricadas pelo intestino, logo após a alimentação, para estimular a produção de insulina. “Nos diabéticos, os níveis dessa substância são muito baixos e após a cirurgia se elevam, o que produz provavelmente, o efeito de remissão ou melhora da doença já nos primeiros dias”, ressalta Mottin. Os efeitos da cirurgia bariátrica no tratamento do diabetes em pacientes mais obesos já foram observados desde o início da sua utilização e em pacientes mais magros, por outras indicações, desde 1955. Inicialmente, se pensava que esses resultados se dessem pela perda de peso que ocorre após o procedimento cirúrgico, pois o emagrecimento, de qualquer forma, tem efeitos benéficos para o quadro de diabetes. Mas a observação do pós-operatório dos pacientes diabéticos submetidos à cirurgia bariátrica revelou que a normalização da glicemia ocorria muito antes da perda de peso, ou seja, nos primeiros dias após a cirurgia. Segundo o cirurgião, essa constatação faz da cirurgia um procedimento muito investigado e promissor no tratamento de alguns pacientes com diabetes tipo 2, cujas características se enquadrem no que estabelece o protocolo da cirurgia. Mottin salienta, ainda, que neste caso não está sendo utilizada uma cirurgia “experimental” e sim está se ampliando a indicação do tratamento em pacientes com diabetes tipo 2 um pouco mais magros, mas, no mínimo, com sobrepeso o que não está ocorrendo em outras circunstâncias no Brasil.

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