sexta-feira, outubro 24, 2008

A beleza trágica de Margaux Hemingway




Margaux Hemingway e seu avô, Ernest

Istoé
10 de julho de 1996
* Republicado.

A atriz e modelo Margaux Hemingway morre aos 41 anos, depois de uma vida de vícios e depressão


Margaux Hemingway tinha apenas seis anos quando seu avô, o escritor Ernest Hemingway, autor de clássicos como O velho e o mar e Por quem os sinos dobram, suicidou-se no dia 2 de julho de 1961 com um tiro de espingarda na boca. Hemingway seguia a trilha do pai, que também se matou em 1928. Décadas depois, em 1982, o irmão cumpria igual destino. Coincidência ou não, a bela atriz e modelo americana acabou protagonista de uma tragédia semelhante. Na terça-feira 2, a polícia de Santa Mônica, na Califórnia, encontrou o corpo da atriz em estado de decomposição no seu modesto apartamento de quarto e sala, no mesmo dia em que seu avô se matara, há 35 anos. Segundo a polícia, a morte de Margaux, ocorrida um dia antes, teria se dado por causas naturais. Os resultados definitivos dos testes de laboratório só serão conhecidos em duas semanas, quando se poderá saber se ela foi vítima de um ataque fatal de epilepsia, doença que a acompanhava há algum tempo, ou se sofreu uma ingestão excessiva de drogas ou álcool. Os amigos diziam que ela se mostrava muito triste ultimamente. Margaux, que havia completado 41 anos em fevereiro passado, alternou uma carreira de altos e baixos. Foi descoberta quando chegou em Nova York, aos 19 anos, vinda da pequena cidade de Ketchum, Idaho. Sua beleza invulgar, distribuída nos 1,83m e 63kg, impressionou os agentes do show business. Logo Margaux saltou das capas de revistas especializadas como Vogue e Town and Country para publicações como The New Yorker e Time, da qual recebeu o título de "o rosto da América". Na época, assinou um contrato de cinco anos no valor de US$ 1 milhão com a marca de cosméticos Fabergé. Era a modelo mais bem paga do mundo, antecipando em duas décadas a era de top models da linha de Linda Evangelista e Cindy Crawford. A fama instantânea desencadeou uma expectativa que não se confirmou no cinema. As feições clássicas da atriz, que estaria em boas mãos num tempo de diretores como Alfred Hitchcock ou Billy Wilder, foram colocadas a serviço de profissionais medíocres. Em A violentada, de 1976, Margaux interpretava uma manequim seviciada por um psicopata. Mas quem brilhou foi sua irmã Mariel, então com 15 anos, que também fazia sua estréia cinematográfica. Mariel se recuperou do fiasco de público e crítica do filme com uma brilhante participação em Manhattan, de Woody Allen, feito três anos depois. Concorreu ao Oscar de melhor atriz coadjuvante graças ao papel da ninfeta pela qual Allen se apaixona. Os fracassos de Margaux Hemingway não se limitaram ao cinema. Sua vida pessoal teve poucos belos momentos. Divorciada do primeiro marido - o "rei do hambúrguer" Errol Weston, com quem viveu de 1975 a 1978 -, dois anos depois uniu-se ao milionário franco-venezuelano Bernard Fouchon, do qual também se divorciou. Aos 29 anos, sofreu um grave acidente esquiando na Áustria, sendo obrigada a passar dois meses de repouso. Foi quando começou a ficar dependente de drogas, devido às fortes doses de sedativos que ingeria. Além de pílulas e álcool, vícios que aos poucos incorporou em sua vida, a saúde de Margaux passou a ser perturbada por outro mal. Ela sofria de bulimia, doença que provoca uma vontade compulsiva de comer. Em 1988, pesando cerca de 90kg, internou-se na clínica Betty Ford para se desintoxicar. Após dois anos, posou nua e em forma invejável para a revista Playboy numa tentativa de provar a si mesma que estava livre de seus males. Não estava. Numa das várias vezes que tentou abandonar definitivamente o cinema a justificativa era a de que não conseguia mais decorar os scripts. O fracasso lhe provocava depressões periódicas. No isolamento, Margaux procurava auxílio em terapias baseadas na tradição de índios americanos. Sem sucesso, chegou a se tratar com um curandeiro havaiano, buscando refúgio no Estado natal de Idaho, onde morou por sete anos em contato com a natureza. Poucas semanas antes de morrer, havia se mudado para o apartamento de Santa Mônica. Quando esteve no Brasil pela terceira vez, no ano passado, Margaux atribuiu seus altos e baixos à herança genética dos Hemingway. "Livrei-me das sombras", afirmou. Sem querer cunhou uma frase que poderia lhe servir de epitáfio.




11 comentários:

andrea rukop marques disse...

Gente rica é complicada! Pessoas pobres, exploradas pelo sistema capitalista entre inumeras dificuldades, ainda conseguem sorrir e afirmarem que são felizes, alguns, até sem os dentes na boca, e seus parentes morrem de acidentes de trabalho,de transito,descaso do sistema público de saúde ou do reflexo do narcotráfico. Há quem diga que maldições existem por questões espirituais ou por exemplos das tradições malignas. Há quem diga que disturbios físicos quimicos levam a transtornos mentais. Eu digo que gostar de sangue, matar animais silvestres, belos e livres, se não for pela mais pura sobrevivência, é um desejo maldito de pôr a raça humana acima das demais. Eu digo que agradacer o dia de hoje é uma benção e conviver em harmonia com a natureza nos tras paz e que nosso maior inimigo é um ego idiota

andrea rukop marques disse...

Gente rica é complicada! Pessoas pobres, exploradas pelo sistema capitalista entre inumeras dificuldades, ainda conseguem sorrir e afirmarem que são felizes, alguns, até sem os dentes na boca, e seus parentes morrem de acidentes de trabalho,de transito,descaso do sistema público de saúde ou do reflexo do narcotráfico. Há quem diga que maldições existem por questões espirituais ou por exemplos das tradições malignas. Há quem diga que disturbios físicos quimicos levam a transtornos mentais. Eu digo que gostar de sangue, matar animais silvestres, belos e livres, se não for pela mais pura sobrevivência, é um desejo maldito de pôr a raça humana acima das demais. Eu digo que agradacer o dia de hoje é uma benção e conviver em harmonia com a natureza nos tras paz e que nosso maior inimigo é um ego idiota

Michael Carvalho Silva disse...

Margaux Hemingway foi uma mulher linda que infelizmente não teve sorte na vida, mas que marcou minha juventude com sua beleza e carisma radiantes. Descanse em paz, bela e querida Margaux.

Michael Carvalho Silva disse...

Toda vez que eu ouço a canção "Quatro Letras" do antigo grupo nacional Nomad eu me lembro de Margaux Hemingway. E isso desde o ano de 1995 quando vi "Lipstick - A Violentada" em vídeo estrelado por ela naquele mesmo ano. Descanse em paz, doce Margaux. Amém.

Michael Carvalho Silva disse...

Toda vez que eu ouço a canção "Quatro Letras" do antigo grupo nacional Nomad eu me lembro de Margaux Hemingway. E isso desde o ano de 1995 quando vi "Lipstick - A Violentada" em vídeo estrelado por ela naquele mesmo ano. Descanse em paz, doce Margaux. Amém.

Anônimo disse...

Para Andrea rukop, gente pobre e feia tb morre de depressao, só que nao sao noticias.

Anônimo disse...

Para Andrea rukop, gente pobre e feia tb morre de depressao, só que nao sao noticias.

Michael Carvalho Silva disse...

Espero sinceramente que Mariel Hemingway, a irmâ mais nova de Margaux, esteja bem agora e que ela finalmente consiga superar a maldição que infelizmente sempre rondou a sua própria e famosa família. Que assim seja. Amém.

Maria Beatriz Dantas de azevedo disse...

Para ser feliz, ter direto a sentir o calor aconchegante fo nascet do sol,o vento no rosto, poder respirar livremente A brisa do mar,dormir e acordar sem ter medo da vida, isso já eh uma benção de Deus,pobreza e miséria humana eh não ter tranquilidade, afinal beleza ou riqueza não conserta a tragédia de quem naturalmente nasce perseguido por problemas mentais,só comete suicídio quem não suporta sua existência

Unknown disse...

Depressão atinge qualquer classe social, etnia, sexo e idade, independe até de religião. O suicídio por depressão, ou qualquer outra doença mental, pode atingir o gringo rico, o brasileiro classe média, o favelado, o religioso o ateu. É uma doença, não tem nada a ver com dinheiro, beleza, "dentes na boca", ego ou "Deus". Se informe, leia sobre essa doença para que no mínimo você tenha um pouco de empatia com quem sofre dessa enfermidade.

Andréa Rukop Marques disse...

Unknown
Quando fiz o texto não questionei a doença Depressão. Eu conheço bem sobre o assunto, com mais profundidade do que imagina.
Eu fiz uma crítica direcionada ao Escritor Ernest Hemingway, que apesar do talento que possuía para a criação literária, tinha obsessão por matar animais por diversão ( caça), algo que eu condeno totalmente.
Quanto a atriz Margaux Hemingway em seus relatos íntimos, fez confissões sobre um tema delicado para expor aqui e não tinha relação com depressão. Dessa forma não podemos afirmar se o suicídio foi por essa razão, ou no extremo do remorso e vergonha, tenha cometido suicídio.
Nem sempre suicídios possuem relação com a depressão ( no entanto a depressão pode sim levar ao suicídio).
Quis fazer apenas essa amostragem fazendo uma ponte com o sistema capitalista que oprime e adoece muitas pessoas.
Tenho empatia com que sofre essa doença e posso garantir que com medicamentos, boa terapêutica, acesso a especialistas e etc a chance de melhorar a doença é muito maior, ou manter em níveis estabilizados. Algo impossível com o nosso sistema de saúde e condições de vida no Brasil.
Se tivesse lido o texto sob a ótica sócio política e não como uma crítica "ácida " as pessoas de melhores condições sócio econômicas e que por ventura sofrem de depressão e por essa razão possam cometer suicídio, não teria me pedido para " me informar ". Leia com menos desejo de auto interpretação as postagens