quarta-feira, março 11, 2009

*Em 1987, aos 42 anos, a cirurgiã dentista Zina Maria Zanenga Golanski descobriu que havia desenvolvido diabetes. A partir dali, teve uma rotina dolorosa, chegando a quatro aplicações de insulina diárias aos 45 anos, quando passou por uma cirurgia de redução do estômago, aliviando o desconforto e restabelecendo os parâmetros normais de açúcar no sangue. Depois disso, foi submetida a outras intervenções, inclusive no pé esquerdo e na coluna. O processo de recuperação começou com uma fisioterapeuta particular que, em 2006, indicou-lhe o Centro de Reabilitação da PUCRS, mencionando-o como uma referência no Brasil. Teve início, então, um trabalho que atualmente resulta maior qualidade de vida.
"Parei de dirigir por dez anos, e dependia de terceiros para vir às sessões. Agora venho sozinha, no meu carro", comemora. Zina, hoje aposentada, tem um veículo adaptado, garantindo-lhe independência ao guiar. Esse novo momento de sua vida tem como protagonista o Centro de Reabilitação e toda a estrutura disponível à retomada das rotinas de pacientes que passam por traumas ou intervenções médicas. Inaugurado em 2004, o espaço foi pensado inicialmente como uma clínica-escola para cumprir a exigência do Ministério da Educação (MEC) de aproximar os alunos do contato ensino-assistência. No entanto, os professores perceberam haver potencial para ampliar os serviços. "Ele foi planejado pela Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia (Faenfi) e atualmente é administrado pelo Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), tendo-se convertido num espaço multiprofissional e interdisciplinar", conta a professora Beatriz Ojeda, diretora da Fae nfi.
A diversidade de profissionais envolvidos reforça as palavras da docente. Fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, enfermeiros, médicos fisiatras, cardiologistas e pneumologistas integram uma verdadeira força-tarefa em benefício do aprendizado acadêmico e tratamentos à saúde. "Dispomos de um programa de reabilitação para pessoas com doenças pulmonares obstrutivas crônicas, único no Rio Grande do Sul", informa a professora Mara Knorst, coordenadora do Centro. Entre os maiores diferenciais do local lista a ampla área física, superior a 2 mil m2, distribuídos em três pavimentos, a área dermatofuncional, para tratamento de estrias, varizes, gordura localizada e celulites, além de uma piscina adaptada às mais distintas necessidades para pessoas com dificuldade em locomover-se - incluindo barras laterais e um elevador submergível. A paciente Zina lembra que há três anos dependia desse aparelho. "Agora, com a hidr oterapia, entro na água caminhando pelas escadas", comenta alegremente, ao lembrar os tempos de nadadora da Sociedade Ginástica Porto Alegre, durante a adolescência.
Outras estruturas sem similar no Estado são as salas com campo eletromagnético, onde existem as Gaiolas de Faraday. Nelas é possível tratar lesões que exigem calor profundo, com ondas curtas e micro-ondas. O isolamento do ambiente confere segurança às pessoas com marcapasso. Vítimas de acidentes com automóveis, com armas de fogo, lesões encefálicas e medulares como derrames e paralisias cerebrais e Doença de Parkinson, entre outras, têm todo o apoio na reabilitação neurofuncional. Para gestantes, mulheres que sofrem a retirada da mama e pessoas com incontinência nas necessidades fisiológicas, existe a fisioterapia em ginecologia e obstetrícia, com profissionais exclusivos e cabines privativas. Metade do público recebido no Centro é proveniente do Hospital São Lucas, deslocando-se de Porto Alegre e de municípios da Região Metropolitana para as sessões, boa parte em função dos valores acessíveis praticados. Os outros 50% são fo rmados pela comunidade universitária, como professores, funcionários e alunos.

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