terça-feira, maio 19, 2009

*A situação do Ensino Superior em países africanos foi um dos temas do Seminário Internacional de Educação Superior na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) nesta segunda-feira, 18 de maio. A tardia independência dessas nações de Portugal, em 1975, conflitos sociopolíticos, governos ditatoriais e dificuldades econômicas dificultaram a implantação e consolidação das Instituições de Ensino Superior (IES). Em São Tomé e Príncipe, por exemplo, o colonialismo não se interessou ao longo de séculos em promover o conhecimento, segundo a ex-ministra da Educação Maria Fernanda Pontífice, Reitora da Universidade Lusíada de São Tomé e Príncipe, que não compareceu ao evento, mas enviou a sua palestra, lida pela professora Maria Conceição Christofoli, da PUCRS.
O acesso ao ensino secundário no país só se expandiu a partir de 1982. Grandes campanhas de alfabetização reduziram as taxas de 80% da população, em 1975, para 30% em 1985. Maria Conceição lembrou o trabalho feito pelo educador brasileiro Paulo Freire em São Tomé e Príncipe. Na década de 90, havia 96,3% de matriculados na rede de educação primária e o ensino secundário foi incrementado em 300%. Com isso ampliou-se a demanda pelo Ensino Superior, primeiramente suprida pela oferta de bolsas no exterior. Hoje o país tem três IES.

O maior desafio de Angola, com o fim da guerra civil, em 2002, é consolidar o desenvolvimento do Ensino Superior, recrutar docentes e ter um financiamento adequado de recursos humanos, disse no Seminário o Reitor da Universidade Agostinho Neto, João Sebastião Teta. Hoje conta com uma instituição pública e dez privadas.
Em Guiné-Bissau, Alberto Sanhá, ex-Reitor da Universidade Amílcar Cabral, relatou que há uma particularidade: a língua francesa domina cada vez mais. A proximidade geográfica com países francófonos amplia o comércio com Guiné-Bissau. Outra curiosidade é o fato de a maioria da população se constituir de jovens: 41,7% têm menos de 14 anos. Sanhá lembrou que os sucessivos governos buscaram cooperação com o exterior. No Ensino Superior, Portugal é a referência. Comentou o caso da Universidade Amílcar Cabral, que surgiu em 1999 do anseio de se criar uma instituição pública com gestão de uma fundação privada. Com atividades plenas a partir de 2003, ministrou 11 cursos, chegando a 2 mil alunos e 95 docentes. No ano passado, houve cedência para o Grupo Lusófona, de Portugal. "Houve comprometimento em elevar o ensino e melhorar a estrutura, mas, após sete meses, ocorreu até protesto pela falta de cumprimento de promessas", declara San há.

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