*Ao visitar o Jardim Botânico de Porto Alegre, você corre o risco de encontrar mais do que belas paisagens. É bem provável que enxergue uma senhora deitada sobre a grama, falando sozinha. O nome dela é Cândida Otero, 86 anos. Aposentada, a médica é adepta de uma prática que os especialistas dizem fazer muito bem: conversar com os animais e as plantas.– Me igualo aos elementos da natureza aqui. Estou fora de qualquer problema – observa.José Fernando Vargas, coordenador de Educação Ambiental do local, já participou de algumas palestras a respeito do assunto. No ano passado, conheceu a canadense Dorothy Maclean, autora do livro O Chamado das Árvores. A ecologista é reconhecida mundialmente por afirmar ser possível a comunicação entre seres de diferentes espécies.Baseado em suas experiências profissionais, Vargas diz que seguir o exemplo de Cândida pode render bons frutos. Literalmente.– A planta quer ser olhada, quer receber atenção humana. É por isso que dizem que, se a gente conversar com ela, crescerá mais – explica.Esteve em Porto Alegre, neste mês, uma veterinária que viaja o Brasil inteiro para debater o tema. Sheila Waligora se diz comunicadora entre espécies. O trabalho de Sheila, entre outras coisas, é convencer um cachorro que esteja destruindo um apartamento a trocar de brincadeira. Ou entender os motivos que estão deixando um cavalo prostrado. Sabe como ela alega conseguir fazer isso? Trocando uma ideia com os bichos por meio de técnicas telepáticas.– No início, havia muita dúvida e ridicularização sobre essa tarefa. Mas, depois que as pessoas enxergam o resultado, isso termina – conta.Afinal, nossos cães e gatos entendem o que a gente diz?– A fala para eles é apenas um ruído, eles compreendem a nossa intenção – resume a veterinária.Disso, dona Cândida não tem dúvida. Quando deixa a companhia de suas amigas árvores e borboletas, é hora de cuidar de Sun, um vira-lata bem comportado, e Li, uma gata para lá de travessa. A felina só fica quieta quando a dona senta em frente ao oratório do apartamento.– Teve um dia que eu não fiz minha oração, e ela me deu uma dentada. Foi uma forma que encontrou para falar comigo. Adorei a atitude dela – diverte-se.Quem vê a aposentada, natural do Rio Grande do Norte, às gargalhadas ao narrar sua relação íntima com a natureza, não imagina que ela um dia chegou a pesar apenas 34 quilos. A dor da perda dos familiares foi amenizada com as lições das tartarugas.– Elas me ensinam que é preciso ter paciência, viver o presente. São o símbolo da longevidade. (Zero Hora)
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